ATA DA QÜINQUAGÉSIMA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 05.08.1998.

 


Aos cinco dias do mês de agosto do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores  Adeli Sell, Cláudio Sebenelo, Décio Schauren, Guilherme Barbosa, João Carlos Nedel,  João Dib, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Nereu D'Ávila, Paulo Brum e Renato Guimarães. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Anamaria Negroni, Antônio Losada, Carlos Garcia, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Gerson Almeida, Hélio Corbellini, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, João Motta, José Valdir, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol e Tereza Franco. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Qüinquagésima Quarta Sessão Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pela Vereadora Anamaria Negroni, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 103 e 104/98 (Processos nºs 2152 e 2165/98, respectivamente); pelo Vereador Guilherme Barbosa, a Emenda nº 04 ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 05/96 (Processo nº  870/96); pela Vereadora Sônia Santos, 02 Pedidos de Providências. Ainda, foi apregoado o Ofício nº 339/98, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, informando este Legislativo que o Município fará a remuneração dos Agentes Políticos do Executivo em parcela única com base nos valores vigentes. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 328, 329, 330, 331, 332, 333, 334, 335 e 336/98, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 23/98, do Senhor Arno Hugo Augustin Filho, Secretário Municipal da Fazenda; 2703/98, da Senhora Iara Leite, do Gabinete da Casa Civil do Estado/RS; s/nº, do Senhor David Iasnogrodski, representante da Câmara Municipal de Porto Alegre no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, à Senhora Andréia Lessa de Souza Lopes, Presidente da Associação Riograndense de Proteção aos Animais, ARPA, que discorreu acerca do trabalho desenvolvido pela Entidade que preside, em especial no atendimento de animais abandonados pelas ruas de Porto Alegre, solicitando o apoio deste Legislativo para que se dê continuidade e seja ampliado tal atendimento. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor José Ricardo Consecco, Diretor da ARPA. Também, o Vereador Renato Guimarães, através de Questão de Ordem, manifestou-se acerca do assunto  abordado  pela Senhora Andréia  Lessa de Souza Lopes, no período de Tribuna Popular, prestando esclarecimentos acerca da atuação da Comissão de Saúde e Meio Ambiente no que se refere à proteção de animais. Após, foi apregoado Requerimento da Vereadora Sônia Santos, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, nos dias quatro e cinco do corrente, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Jocelin Azambuja, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Saúde e Meio Ambiente. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 91, 95 e 77/98, este discutido pelo Vereador Nereu D'Ávila, o Projeto de Lei do Executivo nº 20/98, discutido pelo Vereador Reginaldo Pujol, os Projetos de Resolução nºs 28 e 30/98, os Projetos de Lei Complementar do Legislativo nºs 12 e 13/98; em 2ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 86/98, o Projeto de Decreto Legislativo nº 09/98, este discutido pelos Vereadores Adeli Sell, Renato Guimarães e João Dib; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 88 e 89/98. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou o comparecimento dos Senhores Abraão Vinogron, Traumatologista, e Cídio Halperin, Presidente do XV Congresso Brasileiro de Arritmias Cardíacas - I Encontro de Arritmia do MERCOSUL. Após, concedeu a palavra ao Senhor Cídio Halperin, que procedeu à divulgação do XV Congresso Brasileiro de Arritmias Cardíacas - I Encontro de Arritmia do MERCOSUL - relatando os objetivos do Congresso que preside. Também, apresentando quadro acerca do número de pessoas com problemas cardiovasculares na sociedade atual, destacou a importância de medidas de prevenção nessa área. Em prosseguimento, o Senhor Cídio Halperin procedeu à entrega, ao Vereador Luiz Braz, de placa de homenagem e agradecimento a este Legislativo pela divulgação do referido Congresso. A seguir, os Vereadores Isaac Ainhorn, Carlos Garcia, Clênia Maranhão, Jocelin Azambuja, João Dib, Renato Guimarães, Lauro Hagemann e Reginaldo Pujol manifestaram-se em saudação ao Senhor Cídio Halperin. Também, o Senhor Presidente registrou as presenças dos Senhores João Halperin, Emília Halperin, Carolina Halperin, Rosane Halperin, Clarisse Fichmann, Celso Halperin, Cláudia Halperin e Cláudia Rosa Halperin, familiares do Senhor Cídio Halperin, agradeceu a presença de todos e declarou suspensos os trabalhos, nos termos regimentais, das quatorze horas e cinqüenta e dois minutos às quatorze horas e cinqüenta e cinco minutos. Na ocasião, foi apregoada a Emenda nº 01, de autoria do Vereador Carlos Garcia, ao Projeto de Lei do Legislativo nº 118/97 (Processo nº 1897/97). Ainda, foi apregoado Requerimento do Vereador João Dib, solicitando renovação de votação do Projeto de Lei do Legislativo nº 60/94 (Processo nº 1019/94). Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Carlos Garcia leu artigo publicado pelo Jornal Zero Hora no dia três de agosto do corrente, intitulado "O Leilão da Reeleição", de autoria do Jurista Paulo Brossard, onde é analisada a criação e o desenvolvimento da Empresa TELEBRÁS e criticada a sua venda pelo Governo Federal. O Vereador Cláudio Sebenelo reportou-se ao pronunciamento do Vereador  Carlos Garcia, acerca do artigo "O Leilão da Reeleição",  discorrendo  sobre  a  venda da Empresa TELEBRÁS e defendendo a política econômica adotada pelo Governo Federal, em especial no que se refere ao processo de privatizações observado no País. O Vereador Jocelin Azambuja questionou a política vigente no Município para a área da saúde, declarando que a municipalização dos recursos nessa área não ocasionou as melhorias necessárias na saúde pública de Porto Alegre. Solicitou maior atenção para o assunto por parte da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Casa e a convocação do Secretário Municipal da Saúde para prestar informações a respeito. O Vereador Reginaldo Pujol teceu considerações acerca da venda da Empresa TELEBRÁS, afirmando que a mesma resultará em benefícios para os brasileiros. Criticou a atuação do Prefeito Raul Pont à frente do Governo Municipal, declarando não estarem sendo cumpridos compromissos assumidos com a comunidade, em especial através do Orçamento Participativo. O Vereador João Dib criticou o Executivo Municipal pela contratação de servidores através de "cartas-contratos", analisando os aspectos legais envolvidos neste procedimento e criticando a política de pessoal ora adotada no Município. A Vereadora Maria do Rosário afirmou que a prioridade do PT é o benefício de Porto Alegre, defendendo a atuação de seu Partido à frente do Executivo Municipal. Ainda, questionou a destinação dada pelos Governos Federal e Estadual aos recursos arrecadados com as privatizações efetuadas no País. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA e aprovado Requerimento verbal do Vereador Guilherme Barbosa, solicitando alteração na ordem de votação da matéria a ser hoje apreciada. Na oportunidade, os Vereadores João Dib, Pedro Ruas, Nereu D'Ávila, Reginaldo Pujol, Anamaria Negroni e Jocelin Azambuja, através de Questões de Ordem, formularam questionamentos e manifestaram-se acerca da ordem dos trabalhos e do Requerimento do Vereador Guilherme Barbosa, acima referido. Também, a Vereadora Maria do Rosário formulou Requerimento verbal solicitando a inclusão, nos anais da Casa, do artigo "Leilão da Reeleição", de autoria do Jurista Paulo Brossard, tendo o Senhor Presidente informado que tal inclusão já ocorrera através da leitura deste artigo efetuada pelo Vereador Carlos Garcia, durante o período de Comunicação de Líder. Em continuidade, foram aprovados os seguintes Requerimentos: de nº 178/98 (Processo nº 2391/98 - destinação de período de Comunicações para comemorar o aniversário da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul), de autoria do Vereador Cláudio Sebenelo, após ser encaminhado à votação pelo Vereador Reginaldo Pujol; de nº 176/98 (Processo nº 2341/98 - Sessão Solene para homenagear a devoção de Nossa Senhora dos Navegantes e pelo aniversário de funcionamento do Abrigo Beneficente Monsenhor Felipe Diel), de autoria da Mesa Diretora; de nº 171/98 (Processo nº 2243/98 - requer autorização para representar esta Casa em ato no Plenário da Câmara dos Deputados, nos dias vinte e seis e vinte e sete de agosto do corrente), de  autoria  do  Vereador  Paulo  Brum, este após ser encaminhado à votação pelo Vereador Pedro Ruas; de nº 177/98 (Processo nº 2376/98 - requer autorização para representar esta Casa em visita à Universidade de Portugal), de autoria do Vereador Pedro Américo Leal; de nº 168/98 (Processo nº 2151/98 - Sessão Solene para comemorar o aniversário deste Legislativo e homenagear a Semana da Pátria), de autoria da Mesa Diretora. A seguir, por solicitação do Vereador Renato Guimarães, foi efetuado um minuto de silêncio face ao transcurso, amanhã, dos cinqüenta e três anos do ataque atômico às cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão. Em continuidade, foi aprovado Requerimento verbal da Vereadora Anamaria Negroni, adendado pelo Vereador Adeli Sell, solicitando alteração na ordem de votação da matéria a ser hoje apreciada. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 05/96, com ressalva das Emendas a ele apostas, por dezessete votos SIM e seis votos NÃO, após ser discutido pelos Vereadores Elói Guimarães, Pedro Ruas e Clênia Maranhão e encaminhado à votação pelos Vereadores João Dib e Guilherme Barbosa, em votação nominal solicitada pelo Vereador Luiz Braz, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Garcia, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Elói Guimarães, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário, Paulo Brum, Pedro Ruas, Renato Guimarães e Tereza Franco e Não os Vereadores Anamaria Negroni, Cláudio Sebenelo, João Carlos Nedel, João Dib, Pedro Américo Leal e Jocelin Azambuja. Após, foram aprovadas as Emendas nºs 01, 02 e 04 e foi rejeitada a Emenda nº 03, todas apostas ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 05/96. Em Discussão Geral e Votação Nominal, foi aprovado o Projeto de Resolução nº 24/98, por vinte e três votos SIM, após ser encaminhado à votação pela Vereadora Anamaria Negroni, tendo votado os Vereadores Adeli Sell, Anamaria Negroni, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Clovis Ilgenfritz, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães, Tereza Franco e Jocelin Azambuja. Na oportunidade, foi apregoado Requerimento do Vereador Jocelin Azambuja, solicitando renovação de votação do Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 01/98 (Processo nº 871/98). Também, o Senhor Presidente prestou informações acerca da tramitação de Ação Popular movida contra o Município de Porto Alegre, na qual esta Câmara figura como litisconsorte passiva, em função da aprovação, por esta Casa, do Projeto de Lei do Executivo nº 56/97 (Processo nº 3435/97), e destacou o trabalho realizado pela Procuradoria deste Legislativo junto à referida Ação, tendo os Vereadores Clovis Ilgenfritz e João Dib manifestado-se a respeito do assunto. Após, foi apregoado Requerimento do Vereador Paulo Brum, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, no período de seis a nove de agosto do corrente, tendo o Senhor Presidente informado que o Vereador Paulo Brum será substituído pelo Suplente Jocelin Azambuja, que integrará a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação. Em Discussão Geral e Votação, esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 48/98, discutido pelos Vereadores Reginaldo Pujol, Elói Guimarães, Adeli Sell, Cláudio Sebenelo, Juarez Pinheiro, Clovis Ilgenfritz, Renato Guimarães, Luiz Braz, Décio Schauren, Jocelin Azambuja e Pedro Américo Leal, tendo o Senhor Presidente declarado encerrado o período de discussão do mesmo e tendo o Vereador Henrique Fontana cedido seu tempo de discussão ao Vereador Clovis Ilgenfritz. Às dezoito horas e dezesseis minutos, constatada a inexistência de "quorum", o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Luiz Braz e Juarez Pinheiro e secretariados pelos Vereadores Juarez Pinheiro e Paulo Brum. Do que eu, Juarez Pinheiro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Passamos à

 

 

TRIBUNA POPULAR

 

Anunciamos a presença dos representantes da Associação Riograndense de Proteção aos Animais, o Sr. José Ricardo Consecco, Diretor, e a Sra. Andréia Lessa de Souza Lopes, Presidenta da ARPA, que está com a palavra, representando a Associação, pelo tempo regimental.

 

A SRA. ANDRÉIA LESSA DE SOUZA LOPES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós, da Associação Riograndense de Proteção aos Animais, desde a sua fundação temos prestado serviços e somado esforços para melhor atender e buscar uma solução eficaz e definitiva para os animais abandonados, animais que perambulam, muito enfermos e fracos, pelas ruas, avenidas e estradas - são cães, felinos e cavalos.

Considerando que a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, através da Secretaria da Saúde, não consegue solucionar, na íntegra, o problema acima citado, nem implementar um plano eficiente para a sociedade e entidades afins, nós, da ARPA, nesta nova gestão, não estamos apenas preocupados com os animais abandonados, mas também conscientizados do serviço e da responsabilidade do papel que desempenhamos na área da saúde pública e desejamos colaborar com a Secretaria da Saúde, junto ao Departamento de Zoonoses, somando esforços para controlar a população de cães e gatos e, principalmente, as pragas, pestes, epidemias dos animais e das pessoas.

Nós sabemos, através de pesquisas científicas conhecidas pelos profissionais da área da saúde mundial, que 94 das 200 enfermidades transmissíveis pelos animais já foram classificadas como zoonoses importantes. Entre elas, citamos: hepatite, leptospirose, toxoplasmose, salmonelose, peste bubônica, parainfluenza, raiva e parasitas internos e externos.

Solicitamos a V. Exa. encaminhar um debate onde se possa organizar um planejamento conjunto com a sociedade e o Poder Executivo, anunciando à imprensa a seriedade do assunto.

Nós, da  Associação Riograndense de Proteção aos Animais, desde já, com a responsabilidade técnica e profissional, contamos com um grupo de veterinários e uma área física disponível para tratar desse grave problema, mas, para que possamos manter e ampliar a nossa estrutura de funcionamento, vimos apelar à boa vontade dos Srs. Vereadores no sentido de viabilizar a obtenção de recursos financeiros, se possível  através de verba fixa, haja vista a nossa escassez de recursos, que provêm,   exclusivamente,  da doação por parte de pessoas da comunidade  que se compadecem de nossa entidade que, entre outras coisas, promove a eutanásia de eqüinos politraumatizados em via pública, fato esse do maior relevo, pois, neste caso, está a Protetora dos Animais tomando a si a atribuição que compete ao Departamento de Zoonoses da Secretaria  Municipal da Saúde, que possui verbas e recursos humanos para tanto.

Sendo assim,  necessitamos dessa verba para poder executar com segurança e entusiasmo nosso trabalho, que se constitui em: acolher animais abandonados na nossa entidade pelos donos, conforme se pode constatar nos nossos relatórios diários, abandono esse que ocorre por diversos motivos; receber animais encontrados nas ruas, geralmente com enfermidade graves, com doenças infecto-contagiosas; receber animais atropelados, cavalos, cães e gatos com graves e múltiplas lesões e que geralmente possuem um prognóstico desfavorável, destinados à eutanásia; receber cadelas e gatas prenhas, em trabalho de parto, provenientes de famílias de baixa renda e em estado lastimável; medicar cavalos feridos e fracos e removê-los do local onde estão, comumente em locais distantes; dar consultas gratuitas e medicação para cães e gatos de donos sem recursos;  aplicar um programa de esterilização de cadelas, gatos e gatas para posterior doação para atuar efetivamente no controle da natalidade dos mesmos; atender 24 horas por dia em regime de plantão para atendimento de cavalos atropelados e em agonia, atendendo solicitação e registro de ocorrência da Brigada Militar.

Conforme consta em nossos relatórios e laudos veterinários, na maioria dos casos, os acidentes acontecem durante a noite, em locais distantes, e com desfechos trágicos, muitas vezes sendo necessário o sacrifício dos animais. A ARPA tem arcado com o ônus quanto a medicamentos, além do serviço profissional do veterinário, assim como o seu deslocamento até o local do acidente. Além disto, os acidentes, muitas vezes, são fatais para o motorista, conforme consta nos levantamentos estatísticos do Pronto Socorro, da Polícia Rodoviária e da Brigada Militar.

Queremos, então, que se faça um exame de consciência e que possamos nos colocar em condições de poder atuar ou, pelo menos, de dialogar e encaminhar nosso pedido. Por fim, agradecemos ao Sr. Presidente desta Casa a oportunidade de expor nosso trabalho e nossas necessidades. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos a Sra. Andréia Lessa de Souza Lopes para fazer parte da Mesa.

A Vera. Sônia Santos solicita Licença para Tratamento de Saúde.

 

(Obs.: Foi apregoado Requerimento de licença da Vera. Sônia Santos e dada posse ao Suplente, conforme consta na Ata.)

 

O SR. RENATO GUIMARÃES (Questão de Ordem): Sr. Presidente, foi encaminhada à Comissão de Saúde e Meio Ambiente, ontem, a solicitação de que a representante da Associação Riograndense de Proteção aos Animais fez referência. A Comissão está agendando um debate com a Comissão e mais os convidados para a terceira terça-feira deste mês de agosto para tratarmos da questão da proteção dos animais. Estamos encaminhando o processo para fazermos o debate.

 

O SR. PRESIDENTE: A informação de V. Exa. é importante. Quero dizer aos Srs. Vereadores que recebemos no mês de julho a visita da Sra. Andréia Lessa de Souza Lopes em nosso gabinete, que nos relatou a necessidade de uma participação maior de verbas públicas para que a ARPA possa fazer frente às grandes dificuldades que tem para realizar o seu trabalho. Então, pedi que eles viessem participar da Tribuna Popular, já que até o mês de novembro estaremos votando o Orçamento e podemos, até lá, pensar em ajudar de maneira mais efetiva a ARPA, assim como outras entidades que possuem esse trabalho meritório, porque sem ele estaríamos expostos a maiores perigos do que já estamos, exatamente pela falta de recursos indispensáveis para que seja feito o trabalho que eles realizam. V. Exa. dá uma notícia boa, porque na Comissão de V. Exa. será possível aprofundarmos o debate a respeito desta matéria, e quem sabe venha de lá a sugestão que estamos precisando no sentido de podermos colocar no Orçamento da Cidade algum recurso para a ARPA, que é exatamente a missão desta delegação que vem aqui hoje.

Quero agradecer aos Senhores, a Andréia, ao Dr. José, a todos que vêm aqui em nome da ARPA, e dizer que esta Casa estará sempre à disposição para que possamos efetuar juntos essas batalhas em prol da comunidade. Acredito que com esta Tribuna Popular este apelo já recebeu algum tipo de resposta, uma vez que o Presidente da Comissão de Saúde da Casa já está oferecendo espaço para que o debate possa continuar. É importante que o nosso relacionamento possa continuar até que V. Sas.  possam conseguir, pelo menos, o primeiro objetivo da visita. Muito obrigado pela presença dos Senhores.

Encontra-se aqui na Mesa, neste momento, o Dr. Abraão Vinogron, e daqui a pouco vamos receber aqui, no Plenário, a visita do Dr. Cídio Halperin, que vem fazer uma visita a todos os Vereadores e também fazer um convite à Casa para participarmos do XV Congresso Brasileiro de Arritmias Cardíacas, do I Encontro de Arritmia do MERCOSUL, que terá seu início amanhã, no Hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre.

Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

                       

1ª SESSÃO

 

PROC. 1947/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 091/98, de autoria do Ver. Renato Guimarães, que acrescenta §§ 1º, 2º e 3º ao art. 13 da Lei nº 2758, de 04 de dezembro de 1964, que estabelece normas técnicas para inclusão de veículos na frota de auto-ônibus que serve ao transporte coletivo em Porto Alegre.

 

PROC. 2012/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 095/98, de autoria do Ver. Nereu D’Ávila, que dispõe sobre a utilização de adesivos nos veículos de transporte individual de passageiros. (táxis)

 

PROC. 2075/98 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 020/98, que extingue Cargos em Comissão no DMLU e DEMHAB, cria Cargos em Comissão no DMLU e na Administração Centralizada e dá outras providências.

 

PROC. 1905/98 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 028/98, de autoria da Vera. Anamaria Negroni, que oficializa, na Câmara Municipal de Porto Alegre, o Dia da Administradora do Lar, a ser comemorado no dia 30 de maio de cada ano.

 

PROC. 2061/98 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 030/98, de autoria da Mesa Diretora, que estabelece o uso do brasão do Estado do Rio Grande do Sul e símbolos do Município de Porto Alegre, no Plenário Otávio Rocha da Câmara Municipal de Porto Alegre.

 

PROC. 1976/98 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 012/98, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que altera a redação de dispositivos da Lei Complementar nº 124, de 22 de outubro de 1985, com a redação dada pelas Leis Complementares nºs 238, de 26 de dezembro de 1990, e 364, de 28 de dezembro de 1995, e dá outras providências. (propaganda institucional em veículos da Carris)

 

PROC. 2267/98 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 013/98, de autoria do Ver. Gilberto Batista, que isenta as creches comunitárias e filantrópicas, bem como os asilos comunitários, do pagamento da conta de água.

 

PROC. 1650/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 077/98, de autoria do Ver. Nereu D’Ávila, que institui, na rede municipal de ensino público de 1º e 2º graus, o conteúdo Conceitos Espirituais e Filosóficos das Religiões de Origem Africana e dá outras providências.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 1856/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 086/98, de autoria da Vera. Anamaria Negroni, que proíbe a realização de rinhas no âmbito do Município de Porto Alegre.

 

PROC. 2042/98 - PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº 009/98, de autoria da Comissão de Economia e Finanças e Orçamento, que aprova as Contas da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, referentes ao exercício de 1995.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 1861/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 088/98, de autoria do Ver. Elói Guimarães, que altera a redação do artigo14 da Lei nº 3790, de 05 de setembro de 1973, e alterações posteriores, que estabelece normas para a exploração dos serviços de táxis  e dá outras providências. (cor dos táxis)

                       

PROC. 1877/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 089/98, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que dá nova redação ao § 2º do art. 7º da Lei nº 3790, de 05 de setembro de 1973, alterada pelas Leis nºs 4002, de 02/07/75; 4160, de 10/09/76; 4387, de 29/12/77; e 6556, de 29/12/89,  que estabelece normas para a exploração de serviços de táxis e dá outras providências. (transferência de permissão)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, volto a debater o tema da prestação de contas de 1995, do Prefeito Tarso Genro, porque fiquei muito indignado com bochinchos nos corredores, comentários acerca da prestação de contas. Eu fui claro e objetivo, aqui, para os Srs. Vereadores, para os assistentes e para quem nos vê na TV Câmara, de que o Parecer do Tribunal de Contas do Estado é claro e inequívoco: as contas estão corretas, têm total lisura. As anotações feitas foram sobre questões técnicas. Portanto, não há qualquer suspeição sobre as contas.

Eu fico indignado com a possibilidade de que se possa tirar qualquer tipo de ilação a partir de questões técnicas apontadas para que numa próxima prestação de contas não voltem a ocorrer tal e tal questão técnica, quando, diariamente, nós estamos vendo, na 4ª Câmara Cível, a condenação de prefeitos. Recentemente, um prefeito, de Estrela, morreu na prisão porque foi condenado por malversação de fundos públicos. Nós vemos matérias nos jornais de hoje, colocando como determinados municípios do Litoral Norte - Tramandaí, Imbé, Cidreira - tiveram administrações que não condizem com a ética, com a moral, com a dignidade de quem recebeu votos para governar uma cidade.

Isso deveria ser tema dos debates desta Câmara de Vereadores, uma ampla campanha de moralização do serviço público. Que os prefeitos eleitos tenham a dignidade de fazer uso devido dos fundos públicos, não como nós estamos vendo certas Câmaras de Vereadores, espalhadas pelo interior do Estado, dando idéia de que todos os Vereadores, todas as Câmaras legislam em causa própria. Não! Nos 10 anos da Administração Popular de Porto Alegre demonstramos, continuamos a demonstrar e o futuro, cada vez mais, irá demonstrar a diferença entre o nosso comportamento e o comportamento de certos parlamentares, executivos, prefeitos e partidos. Portanto, nós queremos ver o voto unânime desta Casa a favor da decisão do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul. Não podemos admitir que algum Vereador pense o contrário, porque, se houver manifestação deste tipo neste Plenário, serei o primeiro a cobrar nas ruas de Porto Alegre, publicamente, por que se faz de uma prestação de contas lisa, correta, uma mera disputa política.

Espero que este microfone da Câmara Municipal não se transforme em palanque eleitoral. Esta é a cobrança que quero fazer, este é o debate que quero puxar aqui, com os Srs. Vereadores. Por isso espero o voto unânime a favor da prestação de contas, dita de forma legal e regimental pelo Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Renato Guimarães para discutir a Pauta.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é interessante que, num momento de reta final das eleições de 98, essa Casa se sinta tensionada a fazer um debate influenciando as urnas, sem sombra de dúvidas, mas temos que ser responsáveis ao fazer este debate.

Repito: no debate da prestação de contas da Prefeitura de Porto Alegre, temos que ser responsáveis. Esta Casa vem, há muitos e muitos anos, cumprindo este papel de ser responsável na tratativa, na apreciação das contas do Governo Municipal. E esse assunto nunca foi tratado nesta Casa como bandeira, simplesmente, para um debate político-eleitoral. Temos que ter seriedade ao tratarmos as contas do Município. Gostaria de dizer, principalmente para aqueles que nos ouvem, que o Ministério Público, o Tribunal de Contas apreciaram essas contas e, pela totalidade de seus membros, aprovaram e aprovam essas contas.

É importante que se faça esse registro neste momento em que se discute, em Pauta, a prestação de contas e que não se faça disso um carnaval, tratando-se de elementos, dentro da prestação de contas, que, do ponto de vista deste Plenário, não estão resolvidos. Por exemplo, existe uma grande discussão sobre se a Prefeitura de Porto Alegre gasta ou não o que a lei estabelece com a saúde. Os cidadãos de Porto Alegre e esta Casa observam que a Prefeitura gasta mais do que a lei estabelece com a saúde. Se  voltarmos a dez anos e olharmos como era o mapa da saúde em Porto Alegre e hoje apresentarmos o mapa dos serviços existentes, poderemos dizer: não é o ideal, mas a Prefeitura de Porto Alegre não foi omissa, fez tudo o que podia pelo seu orçamento e usou todas as ferramentas na relação com o Estado e com a União para construir o Sistema Único de Saúde e para apresentar o modelo de saúde que, de fato, construa a porta de entrada para o cidadão e  a possibilidade de resolução dos problemas de saúde dos cidadãos de Porto Alegre.

Portanto, o debate sobre a questão de se a Prefeitura gasta ou não o que a lei manda gastar com a saúde, na realidade, não é sério, porque nós sabemos, a Câmara de Porto Alegre sabe, os Vereadores sabem que a Prefeitura gasta mais do que a lei estabelece em saúde.

Em relação à educação, é interessante que se registre - pois não é registrado - que o Município de Porto Alegre, no ano passado, perdeu nove milhões de reais do repasse do Fundo de Educação com as mudanças federais que tiveram com o chamado nivelamento nacional da educação. Então, eu pergunto: o Governo Municipal parou de investir em educação? Não. Foram inauguradas, neste ano, duas escolas que foram construídas pelo Município de Porto Alegre.

É isso que devemos levar em conta no momento em que estamos apreciando as contas de 1995 para após fazermos o debate sobre se o Governo gasta ou não na área de saúde, de assistência e de educação. Registro isso para não fazermos o debate da prestação de contas só pela disputa ideológica, pois, se é só disputa ideológica que faremos aqui dentro em relação à prestação de contas, em relação à LDO, em relação ao Plano de Orçamento do Município deste ano, nós teremos que ir além, porque, então, teremos que discutir, sim, como está sendo a execução orçamentária e como está sendo a prestação de contas dos outros níveis de governo, que todos sabemos serem muito problemáticos, mas cujo debate acabamos não fazendo para fazermos a discussão sobre coisas de Porto Alegre. Vamos debater sobre as coisas de Porto Alegre; vamos analisar se há ou não serviços de saúde, se há ou não serviços de educação funcionando para depois dizer o que  foi ou não foi gasto, pois, com certeza, todos os Srs. Vereadores nas suas consciências sabem que foi feito, sim, tudo o que tínhamos à disposição, tudo o que a lei mandava e o que a Prefeitura podia fazer.

Portanto, vamos aprovar as contas que estão em Pauta, por unanimidade, nesta Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Estamos recebendo hoje visitas ilustres: a do Dr. Abraão Vinogron, traumatologista famoso e amigo desta Casa, e também o Dr. Cídio Halperin, que é Presidente do XV Congresso Brasileiro de Arritmias Cardíacas - I  Encontro de Arritmia do MERCOSUL. O Dr. Cídio esteve nesta Casa durante o período de recesso e teve a gentileza de retornar a esta Casa para fazer a comunicação oficial a todos os Vereadores sobre o XV Congresso Brasileiro de Arritmias Cardíacas.

O Sr. Cídio Halperin está com a palavra.

 

O SR. CÍDIO HALPERIN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, amigos, colegas, Senhores e Senhoras, gostaria de, em primeiro lugar, agradecer ao Ver. Luiz Braz, Presidente desta Casa, por esta oportunidade.

É com imensa satisfação que convido a todos - já que Porto Alegre terá a honra de sediar o XV Congresso Brasileiro de Arritmias Cardíacas e o I Encontro de Arritmia do MERCOSUL - para a abertura oficial, que será amanhã, quinta-feira, às 20 horas, no Centro de Eventos do Hotel Plaza São Rafael, para o qual convido todos aqui presentes, evento esse de grandeza ainda inédita devido a sua abrangência geopolítica. Irá reunir aproximadamente quatro centenas de especialistas de todas as Américas, que estarão promovendo um ativo intercâmbio de conhecimentos e tecnologias, visando ao aprimoramento da prática médica e ao acesso aos conhecimentos mais recentes por parte daqueles que trabalham com a saúde da nossa população.

Como já é de conhecimento dos Senhores, as doenças cardiovasculares são,  isoladamente, a maior causa de mortalidade e um dos maiores motivos de internações hospitalares em nosso meio. Dentre a mortalidade vinculada a esse grupo de doenças, aproximadamente a metade é ocasionada por anomalias do ritmo cardíaco, ensejando a chamada morte súbita. Os números realmente são alarmantes. Somente nos Estados Unidos, a morte súbita acomete aproximadamente uma pessoa por minuto, ou seja, mais de 300 mil óbitos por ano. São indivíduos com  idade média de 60 anos, social, cultural, intelectualmente integrados, no auge da sua capacidade de contribuir para com a comunidade que neles tanto investiu. Decididamente, muito desses óbitos podem ser evitados com a adoção de medidas de prevenção e da correta e adequada utilização de instrumentos para o seu diagnóstico e tratamento.

A prevenção de doenças cardíacas passa por medidas simples que incluem a prática de exercícios físicos, dieta pobre em gordura, parar de fumar, controle de pressão arterial e a visita anual ao médico da sua confiança. Já a prevenção da morte súbita exige cuidados maiores, inclusive em nível comunitário. Apenas 40% dos óbitos ocorrem em portadores de doenças cardíacas. É fundamental para a sociedade que o grau de alerta para esse tipo de ocorrência exista, havendo a disponibilização de recursos para o treinamento de grupos comunitários que visem ao reconhecimento e ao tratamento precoce desse tipo de ocorrência.

Srs. Vereadores, a Sociedade Brasileira de Cardiologia, representada em nosso Estado pela Sociedade Gaúcha de Cardiologia, vem investindo recursos para a prevenção de morte súbita, sejam eles materiais informativos, eventos ou treinamento de pessoal, tendo já capacitado mais de mil indivíduos para o atendimento básico neste tipo de ocorrência. Contudo, ainda é pouco. É necessário que a comunidade como um todo se envolva neste projeto, que as entidades organizadas empunhem a bandeira da prevenção em todos os seus níveis, desde a prevenção primária, antes do surgimento da doença, ou mesmo a prevenção das complicações, também chamada prevenção secundária.

Esse tipo de postura, além de seus benefícios óbvios para a vida do cidadão, também se constitui na melhor relação custo/benefício, ou seja, também aí é mais barato prevenir do que remediar.

No caso específico das alterações do ritmo cardíaco, equipamentos, chamados desfibriladores, possibilitam o reconhecimento e o tratamento das chamadas arritmias malignas, evitando a ocorrência, então, de morte súbita. Tais equipamentos, em outros tempos limitados à utilização em Unidades de Terapia Intensiva, as famosas UTIs, hoje podem ser utilizados em qualquer ambiente, até mesmo dentro de aviões; desde que adequadamente manuseados, operados, podem fazer com que o coração volte a bater regularmente. Esses equipamentos podem ser ainda implantados naqueles pacientes com alto risco, restaurando a vida, quando automaticamente ativados pelo descompasso maligno das batidas cardíacas.

Apesar do seu custo inicial, os desfibriladores mostram-se bastante acessíveis quando se projetam as despesas envolvidas com o tratamento médico, a médio e a longo prazos, nesta população de alto risco. Infelizmente, as dificuldades no pagamento dessas tecnologias colocam os médicos frente a frente com a utilização de métodos de tratamento de efetividade mais baixa na prevenção de um evento potencialmente maligno e muitas vezes previsível.

Srs. Vereadores, quanto vale uma vida? A resposta dessa questão está na nossa incredulidade, na incredulidade das pessoas de bom-senso frente à possibilidade de quantificação da resposta. Portanto, é de nossa compreensão que o estabelecimento mínimo da cidadania passe pela garantia de saúde sem exclusões. Segundo Disraeli, Primeiro-Ministro da Coroa Britânica, as circunstâncias fazem o homem, porém é o homem que cria as circunstâncias.

Finalizando, gostaria, mais uma vez, de agradecer a esta Casa, uma das mais antigas e nobres instituições de nossa mui leal e valorosa Cidade, e convocar os nobres parlamentares e todos aqueles que aqui militam a não esquecerem de realizar suas avaliações cardiovasculares de rotina, pois seu trabalho é imprescindível para que todos nós possamos viver cada vez mais e melhor. Finalizo, passando às mãos do Presidente desta Casa, Ver. Luiz Braz, uma placa do Congresso de Arritmias Cardíacas, homenageando e agradecendo a atenção e a acolhida que temos tido cada vez que tentamos levar essas palavras de prevenção de mortalidade, essas palavras que visam a diminuir a incidência de doenças malignas e de alto custo na nossa população. Obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

(Passa a placa do Congresso de Arritmias Cardíacas ao Sr. Presidente Luiz Braz.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Mostro aos Srs. Vereadores esta placa, já que é a Casa que a recebe, e ela estará em lugar de destaque na Sala da Presidência para acompanhar tanto este Presidente como os futuros presidentes desta Casa, marcando este dia em que estamos recebendo esses nossos amigos e, nas palavras do Dr. Cídio Halperin, comunicando a toda a Casa sobre o XV Congresso de Arritmias Cardíacas. Queremos também agradecer as presenças do pai do Dr. Halperin, o Dr. Jacob Halperin, da sua mãe, Emília Halperin, da sua filha Carolina Halperin, da sua esposa, Sra. Rosane Halperin, da sua sogra Clarisse Fichmann, do seu irmão, Dr. Celso Halperin, e sua esposa Cláudia, e de sua irmã Cláudia Rosa Halperin. Eu quero agradecer a todos vocês por suas presenças aqui no Plenário e dizer que é uma honra para todos nós estarmos recebendo-os e dizer que esta Casa estará sempre aberta para recebê-los todas as vezes que quiserem honrar a toda a sociedade porto-alegrense vindo aqui prestigiar os nossos trabalhos. Muito obrigado pela presença.

O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, em nome da Bancada do PDT, nós gostaríamos de saudar a presença do Dr. Cídio Halperin, que revela uma grande sensibilidade na sua presença na Casa do Povo porto-alegrense, quando ele comparece para dar conhecimento da realização desse importante evento cardiológico. Nos sentimos todos motivados e sensibilizados porque essa manifestação não é um simples congresso médico, que já, por si só, seria importante, mas é uma convocação de toda a sociedade, o despertar da consciência da sociedade para a importância das medidas preventivas, e notadamente, aqui desta Casa, convocando essa Casa e a esse processo.

A Vera. Maria do Rosário me solicita que a manifestação que estou formulando seja feita não só em nome da Bancada do PDT, mas também em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores desta Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. Carlos Garcia.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente, em nome da Bancada do PSB, nós também gostaríamos de cumprimentar e também parabenizar pelo evento. Não só como Vereador, mas também como professor de Educação Física e Diretor da Faculdade de Educação Física do IPA, nós sabemos mais do que nunca da responsabilidade para com a população principalmente na área preventiva. Então, nós, que somos profissionais de Educação Física, sabemos que tem que ser investido cada vez mais na área da saúde, principalmente na prevenção. Portanto, eu acho que este é o momento oportuno para que se faça cada vez mais um debate entre os profissionais e a conscientização de toda a população para evitar, principalmente na categoria dos políticos, morte como teve recentemente Luiz Eduardo, tipicamente por morte súbita. Parabéns por esse evento. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra a Vera. Clênia Maranhão.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Srs. representantes do XV Congresso Brasileiro de Arritmias Cardíacas, é sempre um prazer muito grande quando esta Câmara recebe pessoas que fazem um debate tão importante como esse que foi feito aqui hoje. Não coincidentemente essa discussão acontece no Dia Nacional da Saúde. Essa discussão é também importante para a situação de estresse que é muito comum na vida dos políticos.

Parabéns pelo evento, sucesso, em nome da Bancada do PMDB.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. Jocelin Azambuja.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, em nome da Bancada do PTB e como membro da Comissão de Saúde desta Casa, gostaria de cumprimentá-los por este grande evento que se soma a outros também de grande expressão que colocam a nossa cardiologia em nível elevado perante o mundo inteiro.

Já tive oportunidade de trabalhar, por um longo tempo, junto à classe médica. Tenho satisfação de ver cada vez que se realiza um evento dessa natureza. Estamos felizes neste momento em que os Senhores vêm divulgar esse grande encontro. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, o meu partido, o PPB, no Dia Nacional da Saúde, deseja cumprimentar o Dr. Abraão Vinogron, do qual sou um dos mais assíduos ouvintes, e ultimamente do Dr. Cídio Halperin, que tem falado com freqüência, levando ao conhecimento do povo gaúcho a realização desse Congresso. Formulamos votos de que ele atinja plenamente os seus objetivos. Saúde e paz!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. Renato Guimarães, Presidente da Comissão de Saúde desta Casa.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, em nome dessa Comissão, saudamos os representantes do XV Congresso Brasileiro de Arritmias Cardíacas. A nossa Comissão soma-se em atividades desse tipo porque achamos o trabalho da prevenção importante para resolvermos todos os males que foram colocados.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. Lauro Hagemann.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. visitantes, o PPS se soma às congratulações pela presença do Dr. Cídio e do Dr. Abraão Vinogron nesta Casa e faz coro ao alerta do Dr. Cídio, principalmente na véspera da campanha eleitoral: que os candidatos tenham a precaução de se prevenirem e de freqüentarem, com urgência, um consultório médico de cardiologia para ampliarem as condições físicas. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Agrego a tudo o que já foi dito a manifestação da minha Bancada, o PFL, e faço com delegação de poderes pela Bancada do PSDB, cujo Vice-Líder Cláudio Sebenelo nos pede que assinalemos a satisfação em receber aqui o Dr. Cídio Halperin, essa delegação que está divulgando o I Encontro de Arritmia do MERCOSUL, que é uma atividade que se desenvolve em Porto Alegre que credencia toda a área latino-americana e coloca, mais uma vez, Porto Alegre na liderança desse segmento tão importante para a saúde pública do Estado, do País e das Américas. Meus cumprimentos e alegria nossa em podermos recebê-los em nossa Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Essas manifestações todas são desta Casa, que só pode sentir regozijo pela presença aqui dos amigos que vêm comunicar um evento tão importante como esse, como é o XV Congresso de Arritmias Cardíacas.

Quero agradecer a presença do Dr. Halperin e do Dr. Vinogron.

A Sessão está suspensa por um minuto para despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h52min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 14h55min): Estão reabertos os trabalhos.

Apregoamos a Emenda nº 01, de autoria do Ver. Carlos Garcia, ao Projeto de Lei do Legislativo nº 118/97.

Apregoamos o Requerimento de renovação de votação firmado pelo Ver. João Dib, relativo ao Projeto de Lei do Legislativo nº 060/94.

O Ver. Nereu D’Ávila está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, consta na Pauta de hoje um projeto de nossa autoria que institui na rede municipal de ensino público de 1º e 2º graus o conteúdo Conceitos Espirituais e Filosóficos das Religiões de Origem Africana e dá outras providências.

Vou ler para V. Exas. uma parte da Exposição de Motivos que fizemos para o entendimento do Projeto:

“Os cultos afro-brasileiros trazidos ao Brasil pelos negros e escravos na mais nefanda das migrações forçadas do Ocidente vieram acompanhados de uma cultura conservada e praticada por esses, geralmente às escondidas, pois os senhores lhes impunham também a sua religião. Os escravos que chegavam eram imediatamente batizados, porém continuavam a adorar os seus orixás sob a evocação e imagem de santos católicos. Durante o período colonial, a religião e a sociedade brasileira associaram-se tão intimamente, que a cultura que aqui se formou foi religiosa na sua forma, na sua intenção e nos seus fundamentos. Nestas condições, esta cultura religiosa, marcada pela mistura de elementos católicos com práticas populares provenientes principalmente das religiões afro-brasileiras, originou o sincretismo religioso atualmente constatado no Brasil. Entretanto, pouco se sabe sobre os conceitos espirituais destas religiões de origem africana. Sabe-se apenas que tais religiões integram uma das maiores legiões de seguidores do nosso País.”

“Apresentamos a presente proposição, cuja finalidade é evitar que a religião da comunidade negra seja tratada como animismo, ou outras denominações pejorativas inferiorizantes, e ampliar o leque de conhecimento dos estudantes municipais na medida em que inclui no currículo das escolas de 1º e 2º graus a história religiosa de um povo que aqui aportou e a trouxe como símbolo de liberdade a reconquistar e de uma identidade a preservar, embora distante de sua pátria mãe.”

Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu considero da mais alta valia esta inclusão de conteúdo. A Lei  Federal  nº 9394, de dezembro de 94, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, diz no seu art. 33: “O ensino religioso de matrícula facultativa é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo”.

 Isto posto, nós achamos que é de ordem facultativa o ensino religioso, mas, em sendo aplicado, a Lei de Diretrizes e Bases estabelece que haja diversidade de ensino religioso, o que é muito democrático. Das sete Constituições Brasileiras, a primeira que assegurou o livre exercício religioso no País foi a Constituição de 88.

Nós achamos e constatamos que a formação negra, principalmente a história do africanismo, é praticada de maneira avassaladora nos Estados da Bahia, do Maranhão, de Pernambuco e que aqui, no Rio Grande do Sul, inclusive nesta Cidade de Porto Alegre, está sendo cada vez mais adotada. A história do negro, principalmente a história religiosa, é completamente obscurecida, mesmo nas escolas que optam - facultativamente, é claro - pelo ensino religioso, na verdade, não por culpa ou má-intenção de quem quer que seja, mas pela nossa cultura de séculos e séculos de existência, pois até mesmo quando o Estado tinha uma religião oficial, e aqui neste País também houve isso... É necessário que seja incluído no ensino religioso a história  daqueles que ajudaram a construir a própria sociedade miscigenada brasileira e que aqui, no Rio Grande, por sermos descendentes de portugueses, espanhóis, italianos, holandeses, poloneses, alemães, se pensa, de forma errada, que o negro e a cultura africana podem ser escondidos embaixo do tapete. Hoje, pelo avanço da religiosidade afro-brasileira, é necessário que essa religião seja instituída em uma disciplina, não  obrigatória, pela Lei Federal. Portanto, não trará nenhum prejuízo à cultura gaúcha.

Por isso achamos que da discriminação racial também faz parte escusar-se de conhecer melhor aquilo que é a própria história do Brasil, que é saber como se formou a natureza negra e qual foi o efeito que produziu na nossa sociedade. É esta a nossa intenção - aflorar algo que tem sempre sido negado e renegado pela nossa sociedade por fruto de uma cultura milenar que, infelizmente, é a dominante até hoje em nosso País e em nosso Estado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João Dib para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o que é um partido senão uma reunião de pessoas em torno de uma idéia, de um programa para, com ação decidida e disciplina, conquistar o poder para a realização do bem-comum? O meu partido, o Partido Progressista Brasileiro, tem como ideologia a realização do bem- comum, que deve ser, sem dúvida nenhuma, de todos os partidos.

O que é um Legislativo senão a síntese democrática de todos os cidadãos - o Legislativo Municipal representando, no nosso caso, toda a população porto-alegrense, porque somamos 100% dos votos atribuídos na última eleição?

Mas, no dia em que assumimos a Câmara, dia 1º de janeiro de 1997, como todos os legisladores, juramos que cumpriríamos as Constituições Nacional, Estadual e também a Lei Orgânica. E nada mais do que esse juramento, do que essa preocupação em cumprir com a lei é que levou este Vereador a propor a rejeição das contas de 1995 do Prefeito Tarso Genro. As contas de 1993 também foram relatadas por mim e havia falhas que constatei, que levantei, que mostrei ao Plenário que existiam. A repetição das falhas me diz que devo cumprir a Lei Orgânica. As contas de 1994 não vieram; até agora não foram aprovadas. Eu mesmo, Ver. João Dib, fiz solicitação de algumas inspeções. Por exemplo: o edifício comprado na Rua da Praia sem autorização legislativa, aquela transação do Jardim Leopoldina, os gastos excessivos de publicidade. Por isso ainda não vieram as contas de 1994; vieram as de 1995. Mas não inventei. Li todo o processo, que é bastante alentado. As observações que fiz estão às folhas 1260.

O Tribunal de Contas diz: “Não obstante o fato de o Balanço Geral da Administração Municipal e demais documentos que integram o Processo conterem falhas de natureza formal, não prejudiciais ao erário, e outras de controle interno, decorrentes de deficiências materiais ou humanas da entidade” - não é o caso da Prefeitura, tenho a absoluta convicção - “na sua globalidade, não ensejam a rejeição das Contas, mas sujeitam o Administrador a advertência no sentido de sua correção, sendo perfeitamente enquadráveis no art. 5º da Resolução TC nº 414/92; é, a unanimidade, consoante Relatório e Voto do Senhor Conselheiro-Relator, de Parecer que as Contas do Prefeito Municipal de Porto Alegre correspondentes ao exercício de 1995, gestão do Sr. Tarso Fernando Herz Genro, sejam aprovadas pela Câmara Municipal de Vereadores, advertindo o responsável de que a prática futura de atos semelhantes aos destacados na Instrução da Supervisão de Instrução de Contas Municipais poderá implicar emissão de parecer desfavorável às contas, com fundamento no art. 5º da Resolução nº 414/92.”

Ora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em 93 as contas da Prefeitura apresentavam créditos suplementares, à conta de excesso de arrecadação, que não se realizaram. Os números, evidentemente, eram em cruzeiros. Não tenho condições de transformá-los agora - eram 380 milhões de cruzeiros em 93. Em 95, o Prefeito de Porto Alegre abriu créditos suplementares, sem ter cobertura financeira, da ordem de 58 milhões de reais. E eu verifiquei, nas contas de 96 e 97, que se repetiu a mesma coisa:  continuou a abrir créditos suplementares sem ter cobertura financeira.

Eu jurei à Lei Orgânica que eu a faria cumprir.

Mas, à página 1260, o Prefeito diz que gastou 24,69 na educação. Ora, todos nós sabemos, e sabemos muito bem, que a Lei Orgânica diz que a Prefeitura tem que gastar 30% da sua receita na educação. E não gastou isso. Mas aí há a declaração do Prefeito - que o Tribunal entende, talvez porque a Constituição Federal determina 25%, que não teria problema maior. Mas não são 24,69%, não são 25%, são 30%.

Portanto, vamos voltar a falar sobre o assunto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, para mostrar que a decisão de rejeitar as contas do Prefeito não tem nada de ideológico, apenas de cumprimento à Lei Orgânica, de cumprimento do dever. Muito obrigado. Saúde e paz!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, temos muitos projetos que estão em Pauta e, entre eles, o que extingue cargos em comissão no DMLU e no DEMHAB e de criação de novos cargos em comissão. Sr. Presidente, evidentemente que esses projetos serão analisados com toda aquela suscetibilidade que este período comporta.

No que diz respeito ao DEMAHB, Ver. João Dib, estou encomendando uma análise aprofundada sobre o assunto. Nunca fui contrário a que os órgãos se estabelecessem com uma estrutura adequada, mas eu fico estranhando, porque em 1975 dirigimos o DEMHAB com seis cargos em comissão e 181 funcionários. Não sei se houve um período mais fértil na história do Departamento do que aquele. Nós tínhamos, é verdade, 10 funções gratificados, FG-2, que eram destinadas para os chamados “encarregados de vilas”. Essas pessoas ficavam cuidando das vilas que haviam sido construídas anteriormente, ainda no período do Dr. Ildo Meneghetti, ex-Prefeito, e que não haviam sido urbanizadas até aquele momento.

Essas vilas todas, sabe o Ver. João Dib, ao longo dos dez anos, de 75 a 85, data que coincide, inclusive, com a nossa ida para a Prefeitura - a sua, Ver. João Dib, como Prefeito, e eu como Diretor-Geral do DEMHAB - eram 14 vilas que o ex-Prefeito Ildo Meneghetti tinha feito implantação provisória e foram totalmente urbanizadas. A manutenção teria de passar para o órgão que, na Cidade, é responsável por isso - a Secretaria Municipal de Obras e Viação, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, enfim, os órgãos que cuidam da Cidade e que não devem excluir, evidentemente, as vilas. Sabemos que o DEMHAB, até por uma disfunção, tradicionalmente acaba fazendo essas atividades. Então, essas estruturações que se pretendem fazer no Departamento Municipal de Habitação devem merecer desta Casa um exame muito aprofundado, e nós não podemos comprometer a eficácia de um organismo que tinha por objetivo promover a política habitacional de interesse geral do Município, especialmente a de interesse social, com um inchamento que me parece exagerado.

Não vou dar uma opinião definitiva sobre este Projeto no dia de hoje porque quero ter a cautela de examiná-lo detalhadamente. É a primeira oportunidade em que ele aparece na discussão preliminar. Isso me permite um aprofundamento no exame e colocações mais definitivas, mais peremptórias, na medida em que eu possa examinar esta matéria com toda a profundidade.

De qualquer forma, estranho uma técnica utilizada pelo Executivo Municipal, que engloba, no mesmo projeto, cargos em comissão do Departamento Municipal de Limpeza Urbana e cargos em comissão do Departamento Municipal de Habitação. Nós sabemos que as autarquias têm autonomia administrativa, financeira e contábil e que cada uma delas retrata uma realidade, cada uma delas tem uma lei que a instituiu e que lhe deu a configuração jurídica. Não vejo, como elemento de boa técnica legislativa, misturar situações que por serem semelhantes não quer dizer que sejam idênticas. O DMLU tem características muito próprias, tem necessidades muito específicas, e o DEMHAB, por sua vez, tem as suas próprias necessidades e as suas próprias especificidades.

Vou voltar ao assunto com mais detalhe, com mais objetividade, porque todos sabem que, toda a vez que surge aqui na Casa uma proposta de mais recursos para o DEMHAB que facilite a atuação dos seus dirigentes, eu tenho logo saído em defesa, saído a favor.

Percebo que muito do nosso esforço, com aprovação acelerada de autorização para empréstimo, de venda de terreno, etc., para ser jogado na área, não tem sido correspondido pela ação conseqüente de parte da Administração. Sem mudar a minha posição de simpatia absoluta por esse órgão de reconhecida importância, nós teremos que ter mais cautela no exame dessas propostas que surgem aqui e acolá e que agora vêm criando e extinguindo cargos em comissão. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerramos o período de Pauta. Solicito ao Ver. Juarez Pinheiro que faça a chamada para verificação de quórum para entrarmos na   Ordem do Dia. (Pausa.)  (Após a chamada.)

Apesar de ter sido feita a chamada, eu ainda não anunciei a Ordem do Dia. Eu sei que há dois Vereadores que pediram tempo de Líder e sou obrigado a ceder aos Vereadores Carlos Garcia e Cláudio Sebenelo.

O Ver. Carlos Garcia está com a palavra em tempo de Líder.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, achamos importante ocupar a tribuna em razão do momento e também pelo que foi colocado ontem, num jornal de Porto Alegre, sobre “O leilão da reeleição”, que vou ler rapidamente:

“Festejos assinalaram a venda da TELEBRAS. Não faltou quem dissesse que era o maior leilão do mundo capitalista. Não sei se fora dele terá havido leilão maior. Não seja esta, porém, a dificuldade. Dê-se como certo que foi o maior do mundo, capitalista ou não. Talvez não tenha dado a merecida importância ao evento. Fiquei mesmo a perguntar-me se havia motivo para tanto regozijo, pois a mim parece que vender o que os outros fizeram é fácil. Não custa nada. Cheguei a pensar que, se alguém merecesse ser lembrado nesta hora, seriam os que construíram a empresa bilionária, e não os que a venderam; os que a fizeram, com trabalho e competência, esforço e visão; não eram despreparados nem desprovidos de coragem e pertinácia os que, em anos, construíram essa potência que despertou o interesse de não sei quantos consórcios, nacionais e estrangeiros, estrangeiros em maior número que nacionais. Para eles não vi uma palavra. Tudo para os que se desfaziam do que não haviam feito. Repito, vender o que os outros fizeram não demanda nem talento, nem competência, nem merecimento, nem idealismo, nem patriotismo. Vender o que encontraram feito é fácil. Prefiro lembrar os esquecidos. Os que construíram a TELEBRAS. Também me chamou a atenção o ágio apurado na gigantesca operação. Teria sido de 1% a 242%. Terá sido correta a avaliação dos bens leiloados, quando chega a haver um plus de 242%? Parece ser lícito duvidar dela, tanto mais quando os compradores não costumam ser generosos nos negócios. O fato é que, bem ou mal avaliados, o ágio foi muito elevado, o que me faz pensar que o Brasil de ontem, o que fez a TELEBRAS, tão ansiosamente desejada por consórcios internacionais de várias origens, não deveria ser inferior ao Brasil do real e da reeleição, que não se mostrou capaz de conservar, melhorando, o gigante que encontrou feito e apetecido pelas grandes corporações, tão apetecido que registrou ágio respeitável. Consideremos tudo isso irrelevante, romântico, quem sabe. Reconheçamos que o leilão foi um sucesso, festejado por vendedores e compradores, sinal de que o negócio foi bom. Dizem os pregoeiros da operação que o ‘maior leilão da história vende a TELEBRAS por 22 bilhões de reais’. Reproduzo a manchete de grande jornal de São Paulo. É hora de perguntar: para que foi vendida? E agora, José, que fazer com 22 bilhões de reais? Segundo o presidente-candidato, o ‘grosso dos recursos abaterão dívidas do governo’, mas poderá ter também outra destinação. Sabe o eleitor quanto de juros o Brasil terá de pagar neste ano da graça de 1998? A ninharia de 60 bilhões de reais, ou seja, quase três TELEBRAS, 2,72 TELEBRAS. Sessenta bilhões de reais é o que o Brasil tem de pagar de juros em 98. De juros. Só de juros. Porque convém não esquecer que a dívida federal aumentou algumas vezes nos últimos três anos, ou seja, depois do real. Então, é para isso que o governo se empenha em vender os mais valiosos bens da nação? Esta é uma das razões por que não participo dos regozijos dos vendedores, e suponho que tenham motivos de alegrar os seus compradores. Ainda mais. No mesmo jornal que relata os festejos leiloeiros, retiro outra manchete: ‘desemprego sobre a indústria pára, juro cai’. Sem comentários. Monótono e tristemente, o desemprego prospera. A indústria pára, o que quer dizer que o desemprego continuará a dilatar-se. E o juro? O juro cai. Bravos. Bravíssimo, o juro cai, por obra do Banco Central, a despeito do seu presidente ter afirmado, faz pouco, que juro não diminui por decreto. Diminui, quando se quer. Como aumenta, quando se quer, como em outubro do ano passado, que, por decreto, da noite para o dia, aumentou em 100%. Apenas 100%. E estou em dizer que vai baixar mais, porque a devastação, causada pela política insana do presidente-candidato, aliás, prevista e advertida, arrasou o país, devastou sua economia e sua população. A brutal majoração dos juros que o próprio país está pagando é dela decorrência imediata e fatal e seus efeitos são tão catastróficos que podem até fazer periclitar a reeleição, com o desemprego maior, a maior estagnação econômica e, quem sabe, alguma coisa pior. Enquanto isso não chega, festeje-se o leilão. O leilão da reeleição.”

Isso foi escrito por Paulo Brossard, jurista, Ministro aposentado do  Supremo Tribunal Federal e ex-Senador da República pelo PMDB. Nós gostaríamos que isso constasse dos Anais da Casa, para servir de exemplo, pois as pessoas contestam, e muito, como nós, a venda da TELEBRAS. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, pois eu ia falar em um outro tema, mas o mote oferecido pelo Ver. Carlos Alberto Garcia, trazendo para o conhecimento desta Casa o já conhecido artigo do Dr. Paulo Brossard, pessoa que o Brasil inteiro admira pelo seu saber e pela sua verve, indiscutivelmente nos faz pensar que há, também, escondida, por trás desse artigo, uma bile muito amarga de um grande estancieiro, de um grande criador que tem problemas na sua área e se volta contra o Governo, com toda a razão muitas vezes, outras vezes, sem razão. Agora, ao dizer que vendedores e compradores estão festejando uma venda que se anunciava catastrófica, nesse artigo assinado pelo jurista Paulo Brossard, e onde mistura juros, desemprego e venda de ações de uma estatal, ele escamoteia da opinião pública algumas coisas fundamentais, como a estabilização econômica, a reforma do Estado - indispensável - e as privatizações que têm de ser feitas dentro dessa reforma do Estado, e que este dinheiro das privatizações tem sido aplicado exclusivamente na dívida, mas na dívida interna, nas dificuldades da área social. Inclusive, ele tem que dizer que o juro baixou em vez de ter-se elevado, que o IOF baixou. As casas, as moradias serão compradas com um pouco mais de facilidade, com menos ônus nas custas das pessoas. Quer dizer, se se faz alguma coisa, vão dizer que é eleitoreira, se não se faz, temos esse veneno colocado como argumento de algumas coisas. Eu, inclusive, fui contra algumas privatizações, mas essa, que deu um ágio fantástico que permite ao Governo a aplicação desse dinheiro na parte social, inclusive na dívida pública interna, que não é para pagar juros dos 60 bilhões do ano, esse dinheiro não vai para essa finalidade, vai para uma finalidade social de despesa do próprio Governo, junto com os problemas sociais.

Acho que é muito fácil pegar um artigo tendencioso e colocá-lo aqui, eleitoreiramente, dizendo: “Agora vamos dizer, ao ler o artigo de um jurista famoso, de uma pessoa que já ocupou todos os cargos públicos do Brasil, menos de Presidente da República, com a sua característica acidez de opinião, que a TELEBRAS foi mal vendida e que nós temos juros altos”. Juros altos nós temos por outro motivo, totalmente diferente desse da privatização. Existe um processo político que não é brasileiro. Agora, por exemplo, elogiando essa privatização da TELEBRAS, Ver. Carlos Alberto Garcia, esteve aí o Ministro da Economia da Inglaterra, que faz parte do governo do Primeiro-Ministro Tony Blair, que disse ser correta essa política de Fernando Henrique Cardoso. E todos ficaram quietos, faz de conta que ninguém viu, porque não é interessante também este argumento de que este dinheiro, sendo aplicado no social, certamente permite o resgate de nossa dívida interna, que é grande, que é antiga, que é histórica, que tem fenômenos de acúmulos - isto aí eu não tenho dúvida. Agora, disso fazer cavalo de batalha eleitoreiro, dessa forma servindo, inclusive, para atitudes como a sua, Ver. Carlos Garcia, de trazer para os Anais esse artigo, que tem muito de uma visão unipessoal, e muito longe da verdade, muitas vezes acho que isto não presta nenhum serviço a mais para o nosso País, que já vive problemas difíceis.

Indiscutivelmente, ouvir várias opiniões seria uma atitude mais idônea, mais  justa, mais sensata, bilateral, e não uma só, ainda por cima tendenciosa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra para uma Comunicação de Líder pelo PTB.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estamos preocupados com a questão da saúde no Município de Porto Alegre e já manifestamos isso antes do período de recesso, requerendo ao Presidente da Comissão de Saúde desta Casa que convocasse o Sr. Secretário Municipal de Saúde  para comparecer à Comissão, as autoridades municipais de saúde, para nos dizerem o que estão fazendo com o dinheiro da saúde em Porto Alegre. A saúde foi municipalizada - todos gostaram - às vésperas da eleição municipal passada, e lembro que muitos criticaram o então Governador Antônio Britto, que, numa postura altamente aberta, de desprendimento político, não teve nenhuma objeção no sentido de repassar as verbas estaduais para o Governo Municipal de Porto Alegre para que este pudesse fazer um trabalho mais direto no Município. Hoje, o Governo Municipal tem acrescido ao seu orçamento, com as verbas estaduais e federais, mais de 200 milhões de reais para serem aplicados na área da saúde. Lamentavelmente, não vimos a saúde em Porto Alegre melhorar, independentemente de Porto Alegre ainda dispor de um apoio do Governo Federal, com o Hospital de Clínicas, com o Grupo Hospitalar Conceição e com a Santa Casa de Misericórdia. Pois mesmo com esta estrutura, com este apoio do Governo Estadual e do Governo Federal  - só o Governador Antônio Britto, ainda no primeiro semestre deste ano, investia na ampliação do atendimento de urgência da Santa Casa, fazia as melhorias tão importantes ao atendimento na Santa Casa de Misericórdia -, os problemas em Porto Alegre continuam graves, a população não tem tido um atendimento à altura nas primeiras necessidades, que seriam os postos de saúde, pois continua sofrendo com as filas e com a falta de atendimento, e a população tem que saber que o responsável disso, hoje, é o Governo Municipal de Porto Alegre, é o Governo do PT. 

O Presidente da Comissão de Saúde desta Casa tem a obrigação de convocar, pois requeri, como Vereador desta Casa, que a Comissão de Saúde examinasse a matéria, e a Comissão está-se omitindo em fazer o exame dessa questão, em ver as responsabilidades do Governo Municipal para com o atendimento de saúde no Município de Porto Alegre. E agora mesmo quiseram transformar a questão do Hospital Conceição numa situação de gravidade pela morte de crianças, que, infelizmente, jamais gostaríamos que acontecesse em nenhum percentual, dizendo que havia um surto, e já viram que não era nada disso, pois, na verdade, os níveis estão dentro daqueles que vinham ocorrendo há vários anos. Com isso, verificamos que se tenta desviar a atenção da questão básica.

Queremos lembrar, ainda, o Instituto de Cardiologia, que está passando por uma ampliação imensa por obra do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, autorizada pelo Governador Antônio Britto no ano passado, que passará, praticamente, a duplicar a capacidade do Instituto de Cardiologia, tudo isso para ajudar o Governo de Porto Alegre a fazer um atendimento melhor de saúde. Mas, lamentavelmente, sou obrigado a dizer que não houve essa melhora, pois a população pobre de Porto Alegre, a população que tem mais dificuldades é a que mais tem sofrido com a falta de atendimento. E a parte ambulatorial, que é fundamental, os primeiros atendimentos, não tem correspondido.

Por isso, estou aqui na tribuna requerendo, novamente, que o Presidente da Comissão de Saúde convoque o Secretário Municipal de Saúde para que dê explicações a esta Casa sobre a situação da saúde em Porto Alegre, de responsabilidade do Município de Porto Alegre. Os contribuintes precisam saber. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tem razão o Ver. Jocelin Azambuja. Parece que esse período excepcional da Nação, em que grandes acontecimentos ocorrem, mudando o curso da sua própria história, engloba as atenções de toda a comunidade e de suas lideranças e acaba organizando um grande debate nacional que discute a privatização, seus efeitos, suas conseqüências, sua eficiência, e estamos esquecendo, Vereador Presidente, das nossas responsabilidades primeiras, que são com o Município de Porto Alegre.

Eu estaria disposto a discutir a privatização do sistema TELEBRAS, que já foi objeto de discussões entre o Vereador Líder do Partido Socialista Brasileiro e o representante da Social Democracia Brasileira. O enfoque teria que ser muito mais amplo. Nós não estamos apenas discutindo os resultados econômicos de uma transação bem-sucedida; nós estamos discutindo um novo modelo que se coloca para o País com os compromissos que aqueles que assumiram o comando da telefonia neste País assumem por contrato, com a responsabilidade de multiplicar, de duplicar, a curto prazo, a oferta de telefones e de melhorar o sistema de telefonia brasileiro, sabidamente ainda carente e merecedor de profundas modificações. Mas V. Exa., Ver. Jocelin Azambuja, tem razão: esse grande debate nos faz esquecer outras questões. Parece que, propositadamente, se leva o debate para esse lado para que se esqueça a realidade do cotidiano de Porto Alegre.

Eu lembro que, há questão de 50 dias, nós fizemos algumas afirmações aqui, não contestadas, até porque documentadas pelo Ver. João Dib, dizendo que o Governo Municipal não honra sequer os compromissos que assume no Orçamento Participativo. Nós já estamos no mês de agosto de 98 e a metade das demandas priorizadas em 96 e colocadas, naquele ano eleitoral, no Plano de Investimentos para 97 não foi sequer iniciada, o que nos leva a crer que foi tudo para o beleléu. Ninguém  mais sabe nada! Se a coisa foi priorizada em 96, elencada para ser feita em 97 e em agosto de 98 não está nem sequer começada, há uma dúvida muito séria de que ela não venha a ser realizada.

Então, esquecimento de fatos como esses não pode ocorrer, por mais que nos empolguemos com o debate sobre os grandes temas nacionais, que são de nossa responsabilidade. Como cidadãos brasileiros, não podemos fugir, esquecer de assinalar esses fatos, toda a polêmica que se estabelece no País em face da reeleição do Presidente Fernando Henrique Cardoso e do Governador Antônio Britto, questionamentos legítimos às suas administrações. A oposição tem todo o direito e o dever, inclusive, de sustentar esse debate, mas a oposição nacional e estadual aqui em Porto Alegre é governo e está devendo para a comunidade, devendo fortemente para a comunidade. Prometeu, solenemente, em 96, anunciou, trombeteou, às vésperas das eleições, que ia pagar em 97 e não pagou a metade do que prometeu, e em agosto deste ano não começou, sequer, a primeira parcela do pagamento.

Então, essa situação não pode cair no nosso esquecimento. Temos a responsabilidade, enquanto Vereadores, de usar de todos os expedientes legais que nos são permitidos para continuar fazendo essa cobrança. A Administração Popular está inadimplente com a Cidade de Porto Alegre. Não pagou os seus compromissos de 97 em 50% - admitiu documentalmente que não o fez. Estamos no mês de agosto; este débito já pode ser levado a protesto, pode ser executado pelo não-cumprimento das suas obrigações, obrigações que ela contraiu de forma expressa e, mais do que isto, de forma escrita. É o seu próprio caderno de investimentos que não está sendo cumprido.

De qualquer sorte, o momento permite essas grandes discussões: a TELEBRAS foi bem ou mal privatizada? A privatização faz bem ou mal para esse País? Acho que faz bem. Posso discutir a qualquer momento, mas não vou ficar discutindo isso se, para tanto, tiver que calar sobre as cobranças que tenho que fazer da inadimplência da Administração de Porto Alegre para com sua Cidade. Ela está em débito com Porto Alegre, porque não cumpre com o que escreveu na sua proposta do Orçamento Participativo, elencada em 96, comprometida para ser executada em 97 e não cumprida até agosto de 98. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há palavras que, uma vez ouvidas, calam profundamente nas nossas mentes. Um dia ouvi: “ação sem razão é precipitação; razão sem ação é omissão”. Devo dizer que não sou precipitado e muito menos serei omisso.

Reiteradas vezes tenho reclamado, nesta tribuna, ao longo dos anos - e agora fui reclamar no Tribunal de Contas -, da contratação de servidores para a Prefeitura por carta-contrato. O Diário Oficial de segunda-feira trazia uma série de contratações de médicos por carta-contrato e também chamava os concursados médicos para assumirem as suas funções. Também enfermeiros são contratados às dezenas, às centenas, por carta-contrato há dez anos. Tenho reclamado, porque acho que lei é lei e tem que ser cumprida. Portanto, só se pode entrar no serviço público por concurso ou por cargo em comissão. A liderança petista sempre diz que a saúde vem em primeiro lugar, mas tudo está em primeiro lugar quando é a lei. A lei vem em primeiro lugar. Claro que numa emergência, numa urgência, eu diria: “Prefeito, traga 300 médicos de uma vez só”. Tudo bem! Porém, numa rotina não.

No dia 28 de julho a Prefeitura contratou, por 180 dias improrrogáveis, segundo ela na forma da Lei nº 8666, um advogado. Um advogado! Será que é para cuidar da saúde da Procuradoria-Geral do Município? Eu fui Prefeito, tinha oito procuradores na Procuradoria. Agora há 38 ou 40 procuradores, fora os assessores jurídicos distribuídos em toda a Prefeitura. Contrataram um advogado. Mas a Lei nº 8666 diz que só se faz a contratação por carta-contrato por período de 180 dias, no máximo, e improrrogáveis, em caso de emergência ou de calamidade pública. E emergência ou calamidade pública são frutos de decreto, são confirmadas por decreto. Não houve esse decreto, não há calamidade pública e não há emergência na Prefeitura. Talvez esse advogado tenha sido chamado para afrontar os Procuradores do Município, para fazer com que o Prefeito tome os trilhos corretos e pague a Gratificação de Incentivo Técnico dos aposentados, que ele tomou por uma liminar na Justiça e não pagou mais. Talvez esse advogado venha a dizer: “Prefeito, o Sr. tem que pagar”. Talvez esse advogado diga ao Prefeito que o parecer de advogados ou de Procuradores da Prefeitura, que não transformam a licença-prêmio em pecúnia, não pode acontecer, porque, se não for revogada a lei, ele tem que pagar. Mas por um simples canetaço - esse é o termo mais correto - a administração prefeitoral, que é do Partido dos Trabalhadores, prejudica os trabalhadores da Prefeitura que se organizaram nas suas vidas, nas suas dificuldades, para poder usufruir daquela licença-prêmio transformada em pecúnia. E não revogaram a lei. Está lá, no Estatuto do Servidor Público Municipal, mas o Prefeito, já atendendo aos pareceres de Procuradores, está negando o pagamento de um direito enquanto lei. Revogue-se a lei. Talvez esse advogado deva dizer ao Prefeito, que tanto fala da reposição bimestral, que é melhor ele não mandar um projeto retirando a bimestralidade, porque não passa na Câmara. Mas isso ele já sabe, porque vivem dizendo que vão fazer e não fazem porque sabem que não passa aqui. Talvez esse advogado mostre ao Prefeito que tem que ser um pouco mais sensível, que tem que ser um pouco mais preocupado com as contas da Prefeitura, com a transparência das contas, explicar como ele diz que gasta 68% da receita corrente com o pessoal. Isso está escrito em uma lei. Talvez esse advogado seja a salvação da Prefeitura.

E é por isso, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que eu encerro dizendo que omisso não sou. Eu vou continuar discutindo, debatendo e insistindo lá, no Tribunal de Contas, para que aberrações como essas não aconteçam. Lei é lei e tem que ser cumprida. Saúde e paz!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maria do Rosário está com a palavra para uma Comunicação de Líder pelo PT.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós queremos chamar a atenção da nossa população sobre como a seqüência de discursos apresentam o tom deste período legislativo de véspera de eleição estadual, quando se faz tantas críticas, e muitas delas infundadas.

Nós, do Partido dos Trabalhadores, queremos sempre ouvir e ter a possibilidade do diálogo, do debate franco e aberto, porque queremos trabalhar e entender como as relações podem-se realizar da melhor forma possível para o interesse público. Mas é preciso que se recupere a verdade.

Considero absolutamente positivo que o Ver. Reginaldo Pujol utilize a tribuna referindo-se ao Orçamento Participativo, principalmente porque nesses dez anos nós temos dez planos de investimentos debatidos com o conjunto da Cidade nas áreas da educação, saúde, assistência social, transporte, urbanização, desenvolvimento econômico, mas, especialmente, em 16 microrregiões que, a cada ano, reúnem mais pessoas do que no ano anterior, debatendo o planejamento de uma cidade que está viva, que pulsa pela democracia, que participa das decisões. Esses dez planos de investimentos, inclusive o definido para este ano, estão absolutamente encaminhados e, se não o fizemos antes - é importante que se diga aos Srs. Vereadores e à população que nos acompanha -, se algumas obras não foram licitadas antes é porque Porto Alegre também sofre com o cerco determinado pelo Governo do Estado e pelo Governo Federal, pela fúria de manter os recursos consigo, mas que não dá conta da melhoria da condição de vida necessária à nossa população. Pois vamos ver os números deste Estado e deste País, especialmente deste Governo do Estado, capitaneado por um governador que se ausenta hoje por ter pedido licença depois de organizar toda a hoste, toda a vida do Estado em torno da sua reeleição.

Digo a V. Exas. que, mesmo tendo sido encaminhadas de forma criminosa as privatizações da CEEE, da CRT, da Companhia União de Seguros, mesmo com a extinção da COHAB e com nenhum programa para habitação popular neste Estado, mesmo com a extinção da Caixa Estadual, sobrecarregando o BANRISUL, aumentando filas, tirando agências de muitas cidades, que deixaram de ter o banco, mesmo com medidas desse tipo, antipopulares e contra o Rio Grande, observamos que a dívida pública estadual cresceu de seis bilhões para 17 bilhões no período de Antônio Britto. Os recursos não foram para o pagamento principal da dívida pública. Os recursos não foram, e é mentira de quem diz que os recursos das privatizações estão sendo levados para a área social. É possível, e temos elementos claros que demonstram que os  recursos das privatizações no Rio Grande do Sul, assim como as privatizações encaminhadas criminosamente pelo Governo de Fernando Henrique Cardoso, têm sido muito pouco dos seus recursos investidos em qualquer área que traga benefícios para a população. Liquida-se o patrimônio público no sentido de possibilitar a grandes empresas internacionais e a empreendimentos daqui mesmo associados a essas empresas internacionais, que em outros países são estatais, como na Espanha, na Itália, e que lá dão certo, e que lá são aceitas... Mas tudo que é estatal, tudo que é público no Brasil e no Rio Grande do Sul é tido como incompetente. Incompetente, na verdade, são os governos que gerenciam esses empreendimentos a serviço de poucos, usando um “slogan” - “Um Estado de todos” -, mas, na verdade, constituindo um governo que só beneficia meia-dúzia de megaempresários associados ao capital internacional ou ao pobre capital internacional, como no repasse criminoso de recursos para a Ford e para a GM, empresas transnacionais que receberam mais de 253 milhões de reais, quase 500 milhões de reais entre as duas, adiantados, fora o que receberão através dos benefícios fiscais que estão aí planejados pelo Governo do Estado.

Quero dizer aos Srs. Vereadores que o que nos preocupa é que, na rolagem da dívida do Rio Grande do Sul, o Governo Estadual tenha comprometido cerca de 640 milhões mensais para repasse para o Governo Federal. Isso, Ver. Jocelin Azambuja, é três vezes o que por ano o Governo do Estado do Rio Grande do Sul destina para a saúde pública, e V. Exa. acabou de fazer um pronunciamento aqui sem considerar que o Município de Porto Alegre empenha mais de 13% dos orçamentos em saúde, enquanto o seu governo, que é o Governo de Antônio Britto ou de Vicente Bogo ou de quem quer que lhes apóie, que é a minoria da nossa população, não empenha mais de 2.5%.

Portanto, Srs. Vereadores, saúdo as preocupações com o Orçamento Participativo e quero dizer a V. Exas. que se somem a nós, participando junto com a nossa comunidade para que possamos trazer mais recursos para Porto Alegre e para que estejamos mais ao lado da nossa gente e ao lado do nosso povo, e não ao lado de privatizações criminosas como foi, na última semana, a da TELEBRAS. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

O SR. GUILHERME BARBOSA (Requerimento): Tenho conhecimento de vários requerimentos que estão de posse da Mesa e que estão com problema de data.  Proponho que sejam votados esses cinco requerimentos inicialmente e, após, a seqüência dos projetos que estão na Ordem do Dia.

 

O SR. PRESIDENTE: Vou ler os Requerimentos. Um deles solicita que o período de Comunicações seja destinado a comemorar o 100º aniversário da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Outro, da Mesa, que requer realização de Sessão Solene para homenagear a devoção de Nossa Senhora dos Navegantes pelo 30º aniversário do Abrigo Beneficente Monsenhor Felipe Diehl. Outro, do Ver. Paulo Brum, que solicita autorização para representar esta Casa num ato do Plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília, nos dias 26 e 27. Requerimento, de autoria do Ver. Pedro Américo Leal, solicitando autorização para representar esta Casa em visita à Universidade de Portugal, a convite da Universidade de Fernando Pessoa.  Requerimento, de autoria da Mesa Diretora, solicitando seja realizada Sessão Solene para a comemoração dos 225 anos da Câmara Municipal de Porto Alegre e homenagear a Semana da Pátria.

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Renovação de votação?

 

O SR. PRESIDENTE: Sim, porque estes já têm datas certas.

 

O SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Requerimento): Requeiro à Mesa, uma vez que foi citado em vários pronunciamentos, que pudéssemos transcrever nos Anais da Casa esse artigo da pág. 13 do Jornal Zero Hora de segunda-feira, dia 03 de agosto, do eminente Jurista Paulo Brossard, com o título “O  leilão da reeleição”.

 

O SR. PRESIDENTE: A própria leitura feita da tribuna já incluiu nos Anais da Casa esse texto. O Ver. Carlos Garcia fez a leitura. Então, o Requerimento de V. Exa. já foi satisfeito.

 

O SR. PEDRO RUAS (Questão de Ordem): Devido ao Requerimento do Ver. Guilherme Barbosa, consulto V. Exa. se ele será colocado imediatamente em votação ou se ainda podemos adendá-lo para que seja colocado em votação após a votação de um projeto. Já existe uma posição da Mesa? Depende de entendimentos com a Liderança?

 

O SR. PRESIDENTE: É um requerimento que foi feito. Eu vou colocar em votação.

 

O SR. PEDRO RUAS (Questão de Ordem): Então terei uma conversa com o Ver. Guilherme Barbosa.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA (Questão de Ordem): Eu sei que há interesses de datas nesses requerimentos e é importante para a Casa. São muitos requerimentos?

 

O SR. PRESIDENTE: São cinco requerimentos. Acredito que não serão divergentes.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): De certa forma, a questão já foi respondida. Referindo-se aos requerimentos anunciados por V. Exa., há a nossa concordância de que eles sejam debatidos, examinados e decididos por esta Casa antes de ingressamos na Ordem do Dia. Ficaríamos para discutir a Ordem do Dia logo depois de esgotados esses cinco requerimentos.

 

A SRA. ANAMARIA NEGRONI (Questão de Ordem): Com relação ao PR nº 024/98, de minha autoria, que concede título honorífico ao cidadão Dr. Moacir Milton Zaduchliver, na realidade gostaríamos que fosse votado ainda hoje, que se desse prioridade a esse Projeto e, após os Requerimentos, que ele fosse o primeiro a ser votado nesta Casa.

 

O SR. PRESIDENTE: Primeiramente, vou colocar o Requerimento do Ver. Guilherme Barbosa em votação e, logo em seguida, colocarei o de V. Exa. para apreciação do Plenário.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Só um detalhe: nós voltamos à estaca zero!   Qual vai ser a ordem será decidido durante a discussão. A Vereadora tem todo o direito de ver o Requerimento votado.

 

O SR. PRESIDENTE: Mas o Requerimento do Ver. Guilherme Barbosa será colocado sozinho.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Os projetos serão mais tarde?

 

O SR. PRESIDENTE: Exatamente.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, estou ingressando com requerimentos de renovação de votação. Já está incluído?

 

O SR. PRESIDENTE: Não está incluída nenhuma renovação de votação por enquanto. Vai ser apregoada.

Em votação o Requerimento do Ver. Guilherme Barbosa, que solicita alteração na ordem de votação da matéria a ser hoje apreciada. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Em votação o Requerimento nº 178/98, de autoria do Ver. Cláudio Sebenelo, solicitando que seja reservada a data de 10 de agosto próximo para período de Comunicações alusivo ao 100º aniversário da Fundação da Faculdade de Medicina da UFRGS.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vou reiterar a colocação já feita em inúmeras ocasiões nesta Casa.

Nós entendemos, pessoalmente, que a utilização do período de Comunicações e do período de Grande Expediente para esse tipo de homenagem tumultua o trabalho da Casa. Sempre aconselhamos as pessoas e companheiros que querem fazer homenagem que a façam através de uma Sessão Solene adequada. Com todo o respeito ao companheiro Cláudio Sebenelo, para que não pareça desconsideração com ele, vou-me ausentar do Plenário no momento em que for votada a sua matéria, porque, por coerência, eu teria que votar contrário, e não quero ser deselegante com ele nem com a entidade que ele pretende homenagear, digna de todas as homenagens desta Casa, mas entendo que a forma escolhida não é a mais adequada. Muito obrigado.

.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento nº 178/98, de autoria do Ver. Cláudio Sebenelo. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 Em votação o Requerimento nº 176/98, de autoria da Mesa Diretora. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Em votação o Requerimento nº 171/98, de autoria do Ver. Paulo Brum, que requer autorização para representar esta Casa em ato no Plenário da Câmara dos Deputados nos dias 26 e 27 de agosto do corrente.

O Ver. Pedro Ruas está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, sempre, quando há requerimentos com o teor deste que analisaremos a seguir, tenho procurado manifestar-me no sentido de que esta Casa, Câmara Municipal de Porto Alegre, deva, sim, fazer-se representar em todos os eventos que tenham relação direta com os interesses da nossa sociedade. Neste sentido, não tenho dúvidas de que o Requerimento do Ver. Paulo Brum é apropriado, assim como outros que já examinamos aqui, neste Plenário, e que, com certeza, examinaremos em outras oportunidades.

Em muitas ocasiões já foi questionado o papel do Vereador, do representante deste Legislativo em eventos, congressos e encontros de caráter nacional ou internacional. Em todas estas vezes, tenho colocado a mesma posição. Sempre que o representante do Legislativo Municipal, em Porto Alegre, representa a Casa num encontro, num congresso, num debate, a Casa é que sai vencedora. Mais ainda, os Vereadores, normalmente, aprimoram-se, em determinadas circunstâncias, para poder trazer para Porto Alegre novas experiências, novos conhecimentos, novas formas, inclusive, de tratar a cidadania, e para todos isso termina sendo útil, Sr. Presidente.

Por isso, encaminho, Ver. Paulo Brum, favoravelmente ao Requerimento de V. Exa. na medida em que tenho tido o mesmo comportamento, a mesma visão, a mesma forma de colocar este argumento. Para Porto Alegre isso é importante; para o Vereador, que busca conhecimentos, é importante. E a representação da Casa, da Cidade, lá fora, também o é. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento nº 171/98, de autoria do Ver. Paulo Brum. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Requerimento nº 177/98, de autoria do Ver. Pedro Américo Leal. 

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: (Lê o Requerimento.) “Sr. Presidente, encaminho a V. Exa. o convite que me foi feito pelo Reitor da Universidade de Fernando Pessoa, Dr. Salvato Trigo, para que visite Portugal e conheça o seu sistema de ensino, bem como a Universidade. No espaço de tempo que me demorarei em Portugal, visitei as universidades apontadas pelo Reitor, observando os seus sistemas de ensino, regime de trabalho, convênios com organizações diversas, colhendo para Porto Alegre esta experiência preciosa como comparação entre as suas modalidades bem como as suas coincidências. Solicito, pois, a autorização desta Câmara para que a viagem seja feita no período de 14 a 30 de agosto próximo. Outrossim, solicito, em conseqüência, as diárias correspondentes, uma vez que as passagens serão oferecidas e remetidas pela Universidade.”

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento nº 177/98, de autoria do Ver. Pedro Américo Leal. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Requerimento nº 168/98, da Mesa Diretora, solicitando seja realizada Sessão Solene no dia 03 de setembro para comemorar os 225 anos da Câmara Municipal de Porto Alegre e homenagear a Semana da Pátria.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

O SR.  RENATO GUIMARÃES (Requerimento): Requeiro que seja feito um minuto de silêncio em homenagem às vitimas de Hiroshima e Nagasaki.

 

O SR. PRESIDENTE: Defiro de plano o Requerimento de V. Exa.

 

(É feito um minuto de silêncio face ao transcurso dos 53 anos do ataque atômico às Cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão.)

 

A SRA. ANAMARIA NEGRONI (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro que o PR nº 024/98, de nossa autoria, que concede o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Dr. Moacir Milton Zaduchliver, tendo em vista que no próximo dia 22 a empresa presidida pelo Dr. Moacir completará 35 anos, se possível fosse votado hoje para fazermos a Sessão Solene o quanto antes, próxima a essa data. Requeiro, se possível, que este Projeto seja votado após o do Ver. Guilherme Barbosa.

 

O SR. PRESIDENTE: Então, seria primeiro o PLCL nº 005/96, de autoria do Ver. Guilherme Barbosa, e depois o PR nº 024/98, de autoria da Vera. Anamaria Negroni.

 

O SR. ADELI SELL: Adendando o Requerimento da Vera. Anamaria Negroni, eu pediria que após o Projeto de Resolução fosse votado o PLL nº 048/98, de autoria deste Vereador, que institui o Dia da Agricultura no Município de Porto Alegre.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento da Vera. Anamaria Negroni, adendado pelo Ver. Adeli Sell. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 0870/96 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 005/96, de autoria do Ver. Guilherme Barbosa, que modifica o art. 12 da Lei Complementar nº 170, de 31 de dezembro de 1987, suprimindo o parágrafo único e acrescentando dois parágrafos, para definir as construções que devem ter ramal predial individualizado por economia. Com Emendas nºs 01, 02 e 03.

 

Pareceres:     

- da CCJ. Relator Ver. João Motta: pela aprovação do Projeto e das Emendas nºs 01 e 02;

- da CEFOR. Relator Ver. Adeli Sell: pela aprovação do Projeto e das Emendas nºs 01 e 02;

- da CUTHAB. Relator Ver. Antônio Losada: pela aprovação do Projeto e das Emendas nºs 01 e 02.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA - art. 82, § 1º, I, da LOM;

- incluído na Ordem do Dia por força do art. 81 da LOM;       

- adiada a discussão por uma Sessão;

- discutiram a matéria os Vereadores: G.Barbosa, A.Sell, A.Holfeldt, P.A.Leal e J.Dib.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão geral o  PLCL nº 005/96. O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este Projeto de autoria do Ver. Guilherme Barbosa é indiscutivelmente uma iniciativa que merece a atenção e o debate da Casa, dada a sua importância no que respeita a individualização das economias para fins de apuração do consumo efetivamente ocorrido nas economias coletivas, tanto horizontais como verticais.

É do conhecimento de todos nós, evidentemente, que um hidrômetro para o conjunto de economias é cizânia, é, por assim dizer, sementeira de discórdia em face da apuração dos valores gastos por economia. A regra é a divisão “per capita”, o que leva, muitas vezes, a injustiças injustificáveis na medida em que o consumo varia de economia para economia. Então se estabelece, pela forma atual, uma injustiça de reflexos econômicos. Famílias que têm baixo consumo terminam sendo igualadas àquelas que têm um grande consumo. Nesse sentido se trata de um projeto inteligente, até porque o Ver. Guilherme Barbosa é um homem que tem uma larga experiência nesse setor, tendo sido Diretor-Geral do DMAE, e deve ter vivenciado, ao longo de sua administração à frente da Autarquia, “n” questões envolvendo a matéria que pretende normatizar com o presente Projeto de Lei.

Nesse sentido, quero me colocar favorável à iniciativa, porque se trata de uma iniciativa pacificadora - até podemos dizer - de possíveis conflitos que possam ocorrer na questão ligada à individualização das economias, Ver. Nedel, e estabelece, na minha opinião, a verdade do consumo, pois entendo que, com o hidrômetro, é possível apreciar com absoluta segurança o consumo, o que, na prática anterior, tratando-se de prédios com consumo comum, na maioria das vezes pessoas são prejudicadas pela falta da individualização. Então, a individualização parece-me um processo altamente produtivo no sentido de que fique estabelecido, efetivamente, o consumo de cada economia. É nesse sentido que me coloco na linha de aprovação do presente Projeto de autoria do Ver. Guilherme Barbosa. Muito obrigado.

 

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Ruas está com a palavra para discutir o  PLCL nº 005/96.

 

O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o projeto em tela, do Ver. Guilherme Barbosa, tem fundamentalmente um critério de justiça a ser adotado. Ele pretende a individualização das economias por apartamento, assim considerada para efeitos de consumo e cobrança na água, o que, a toda evidência, corresponde não só a um anseio de justiça das pessoas usuárias, e, portanto, contribuintes, mas também a uma idéia geral de que quem gastar mais água em um edifício ou em um condomínio horizontal obviamente deve pagar mais do que quem gastar menos num apartamento ou numa residência de condomínio horizontal.

Vejam bem, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que nesse momento temos, em Porto Alegre, cada edifício considerado como uma única economia, cada condomínio horizontal, Ver. Lauro Hagemann, considerado como uma única economia, o que, na prática, traz distorções, e essas distorções levam à injustiça porque nem todos consomem a mesma água, ou seja, a mesma quantidade, mas todos acabam pagando como se tivessem tido o mesmo consumo. Nós sabemos que há circunstâncias em que a água utilizada não é para consumo direto, mas é para lavar automóveis ou atividades do gênero. É claro que aquela pessoa ou aquela família de um determinado apartamento que tem um consumo mais modesto, mais criterioso, não tem por que pagar a mesma quantia que outra família. Sem tecer aqui nenhum juízo de mérito ou de valor sobre os costumes e hábitos de cada família ou cada pessoa, apenas se busca que aquela família ou aquele indivíduo que tenha um consumo diferente passe a pagar de forma diferente. O inverso disso, que é o que ocorre neste momento, obviamente é uma injustiça, seja com famílias que residem em condomínios horizontais, seja com aquelas que residem nos grandes edifícios de Porto Alegre. Aliás, é importante frisar que, em termos de luz, de eletricidade, de consumo de energia elétrica já é usado esse critério. Portanto, nada mais adequado do que trazermos também para a questão do consumo da água o mesmo critério que se utiliza para o consumo de energia elétrica, já que se fará a cobrança exatamente no critério e na proporção do consumo de cada economia - aí, sim, individualizada, aí, sim, por apartamentos, em edifícios, ou por residências, em condomínios horizontais.

O sistema que nós temos hoje, que poderia ser o adequado há 30 ou 40 anos,  obviamente não tem mais sentido e passou a ser, aqui em Porto Alegre, um fator causador de grave injustiça. Por isso meus cumprimentos ao Ver. Guilherme Barbosa, que com esse Projeto nos possibilita, aqui na Câmara, fazer justiça para toda a Cidade e com certeza dar o exemplo a outras cidades do porte de Porto Alegre, que certamente enfrentam problema semelhante.

Eu não quero encerrar, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este breve pronunciamento sobre o Projeto do Ver. Guilherme Barbosa sem fazer uma referência.

Eu comentava com o próprio autor do Projeto, há poucos minutos, que este Plenário não é e jamais será o mesmo sem a presença, já bem lembrada, já bem mencionada, do nosso saudoso Adaucto Vasconcellos, o “Sr. Embaixador”. Nós sentimos, na segunda-feira, e hoje, na quarta-feira, que o Plenário é bem diferente. Ele é um plenário menos alegre, ele é um plenário onde nós temos menos oportunidades de conversas, ele é um plenário que, em toda sua existência posterior ao último fim-de-semana, com certeza terá sempre essa ausência marcada entre nós.

Concluo, Sr. Presidente, dizendo que, por todos os motivos, o “Sr. Embaixador” nos faz muita falta. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão está com a palavra para discutir o PLCL nº 005/96.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, rapidamente faço esta intervenção para defender, neste momento, o projeto apresentado pelo Ver. Guilherme Barbosa, que trata dos critérios estabelecidos para pagamentos de consumo de água em condomínios horizontais.

Acho que toda a discussão que se faz sobre direitos do consumidor é que os pagamentos sejam feitos de acordo com a opção de consumo e que também se possam empregar os conhecimentos e as tecnologias no sentido de que se possa computar o consumo dos serviços que são estabelecidos, no caso do Projeto do Ver. Guilherme Barbosa, pelas famílias. Acho que o projeto que vai nessa direção é um projeto que pode orientar outros municípios na definição desses instrumentos. Hoje já existe um critério mais determinado em relação ao consumo de energia, porém não há um procedimento que permita que se faça justiça quanto à cobrança do pagamento da água dos condomínios horizontais.

O Vereador é um técnico da área; conhece, evidentemente, as possibilidades de instalação deste tipo de procedimento. E acho que assim a gente faz justiça, sem entrar no mérito dos usos de cada família, como bem citou aqui o Ver. Pedro Ruas, mas estabelece um critério de justiça em relação à cobrança. Acho que assim a gente atualiza uma realidade do nosso Município, moderniza o sistema e faz com que seja mais justo o pagamento do consumo da água nos condomínios horizontais pelas famílias que habitam esses condomínios.

É apenas para reafirmar posição aqui defendida por Vereadores de outras bancadas, e é um projeto importante para que haja justiça na cobrança da água dos condomínios horizontais na nossa Cidade. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Não há mais oradores inscritos para discutir. Está encerrada a discussão. Em votação o PLCL nº 005/96.

Para encaminhar, tem a palavra o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não posso votar um projeto sob a égide do art. 81 da Lei Orgânica, que determina que ele seja votado sem os pareceres das Comissões. Não posso votar um projeto em que pedi diligência ao DMAE, onde o autor do Projeto também já foi diretor, assim como eu, e que o DMAE não deu sua posição definitiva. Não posso votar um projeto quando entendo que os benefícios que ele possa trazer serão muito menores do que os custos que ele virá proporcionar. Pode-se dizer que, até a quota de 10 metros, nós temos água. Por isso, na Rua Valentin Vicentini, na Vila do IAPI, os prédios de dois pavimentos não têm pressão. Então, um prédio comum, com três pavimentos e com quatro apartamentos por andar, teria 12 caixas d’água e 12 bombas para levar a água aos reservatórios.

Eu não posso entender que alguém do partido do Governo não consiga, do Departamento Municipal de Água e Esgotos, uma posição oficial. Se eu não recebi a resposta da diligência que eu propus, eu não tenho por que votar favoravelmente, porque tenho mais dúvidas, ou melhor, tenho mais certeza de que a proposta será mais onerosa para o contribuinte porto-alegrense do que benéfica.Talvez venhamos a poupar, na conta de água, um real, ou um real e 50 centavos, e vamos criar confusões homéricas. E eu, como ex-Diretor do DMAE em duas vezes, tenho minhas dúvidas se esse Projeto é bom para o DMAE. Eu acho que não é. Saúde e paz!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra para encaminhar o PLCL nº 005/96.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,  quero-me referir a um trecho usado pelo Ver. Elói Guimarães quando do seu pronunciamento em tempo na discussão: “Este é um projeto que pacifica as moradias coletivas no que diz respeito à utilização e ao pagamento da água”.

Aqui nesta Casa e neste Plenário há duas pessoas servidoras da Câmara que me procuraram, desde segunda-feira, quando começamos a discutir o Projeto, para dizer dos seus problemas e das suas experiências nos condomínios no que diz respeito à utilização da água: nossos amigos e companheiros Mário e Monteiro.

É briga permanente. As pessoas ou as famílias pequenas, que utilizam pouca água, pagam mais, porque pagam pela média do consumo do edifício e, por isso, pagam mais do que deveriam. E as famílias ou as pessoas que gastam mais ou que não cuidam dos vazamentos, Vera. Tereza Franco, terminam pagando menos do que deveriam, porque pagam pela média. Nós temos medidores individuais de consumo de energia elétrica. Se um edifício tiver cem apartamentos, nós teremos cem medidores de energia elétrica. Por que nós não temos isso para medir o consumo de água? Há briga permanente, queixa permanente. Essa foi a minha experiência como Diretor do DMAE, e há técnica suficiente para resolver isso! As Cidades de Santo André e Guarulhos, em São Paulo, e Curitiba, no Estado do Paraná, já tomaram iniciativas nessa linha, porque a questão técnica está resolvida, e o acréscimo de custo é  - volto a repetir o que disse na segunda-feira - absolutamente irrisório.

O Ver. Dib traz uma exceção, e uma lei não pode trabalhar com a exceção; a lei tem que trabalhar com a regra. Se não há pressão suficiente de água, é obrigação do DMAE colocar, na entrada do edifício, 10 metros de coluna d’água, ou seja, a água deve subir, com a pressão que tem na entrada do edifício, 10 metros. Essa é uma obrigação do DMAE, que deve ser pressionado, porque mesmo edifícios de dois ou três andares, pela lei atual, não são obrigados a ter reservatório inferior. Então, o argumento trazido pelo Ver. João Dib não tem força suficiente para negar as qualidades desse Projeto.

Srs. Vereadores, o Projeto trabalha com a justiça social: nós devemos pagar a água que consumimos, e não pagar mais, quando consumimos pouco, e nem pagar menos, quando consumimos mais. Esse é o centro do Projeto, que vai facilitar a vida do condomínio, dos usuários, como, também, do DMAE - essa experiência eu tenho.

Muitas vezes, num edifício que tenha muitos apartamentos, uma meia-dúzia não paga a água. Isso faz com que o condomínio como um todo se torne inadimplente junto ao DMAE. O DMAE corta a água de todos os apartamentos, tendo a certeza - porque isso é uma realidade - de que apenas uma meia-dúzia de moradores não pagou. O DMAE termina perdendo recursos por causa desse procedimento que lhe dificulta a vida. Portanto, Srs. Vereadores, este é o centro do Projeto, que trabalha com a justiça: deve-se pagar aquilo que se consome. Afirmo e afianço para todos que a questão técnica fica resolvida: distribuí cópias para alguns.

Na Cidade de São Paulo, em maio deste ano, se implementou uma lei, exatamente igual a esta, proposta por um Vereador do PPB, que muito me alegrou. Não tenho dúvidas que será um procedimento futuro para todas as cidades, como disse a Vera. Clênia Maranhão. Por quê? Porque é uma questão justa pagar aquilo que se consome.

Peço, então, o voto dos Srs. Vereadores, porque é uma questão de justiça, porque vai facilitar a vida dos nossos concidadãos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Em votação nominal o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 005/96. (Após a chamada.) APROVADO por 17 votos SIM e 06 votos NÃO.

Em votação a Emenda nº 01 ao PLCL nº 005/96. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA, com a abstenção do Ver. João Dib.

Passamos à Emenda nº 02.

 

(O Sr. 1º Secretário lê a Emenda nº 02.)

 

Em votação a Emenda nº 02. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA, com a abstenção do Ver. João Dib.

 Passamos à Emenda nº 03.

 

(O Sr. 1º Secretário lê a Emenda nº 03.)

 

A Emenda nº 03 prejudica a Emenda nº 04. Em votação. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) REJEITADA, com a abstenção do Ver. João Dib.

Passamos à Emenda nº 04.

 

(O Sr. 1º Secretário lê a Emenda nº 04.)

 

Em votação a Emenda nº 04. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA, com a abstenção do Ver. João Dib.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL

 

PROC. 1498/98 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 024/98, de autoria da Vera. Anamaria Negroni, que concede o título honorífico de Cidadão Emérito ao Dr. Moacir Milton Zaduchliver.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável de dois terços dos membros da CMPA - art. 82, § 2º, V, da LOM;

- votação nominal nos termos do art. 174, II, do Regimento da CMPA;

- incluído na Ordem do Dia por força do art. 81 da LOM.       

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PR nº 024/98 - Processo 1498/98. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação.

A Vera. Anamaria Negroni está com a palavra para encaminhar.

 

 A SRA. ANAMARIA NEGRONI: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, é com muita alegria e satisfação que esta Vereadora propôs o presente Projeto de Resolução que dará ao nosso querido Dr. Moacir Mílton Zaduchliver o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre. Ele nasceu em Porto Alegre no dia 18 de maio de 1939, filho de Moacir e Luísa Zaduchliver, e teve aqui toda sua formação. Estudou no Colégio Nossa Senhora do Rosário, cursou Medicina na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, fez várias especializações no Brasil e no exterior. Inclusive é especialista em Cardiologia, Medicina Interna e Medicina do Trabalho.

Nós temos aqui um excelente currículo, que foi examinado por todos os Vereadores desta Casa, e, para nossa alegria e satisfação, a anuência foi dos 33 Vereadores que concederam ao nosso querido Dr. Zaduchliver o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre. Ele é uma pessoa que para muitos não necessita nenhum comentário, porque é muito conhecido em Porto Alegre. Ele nasceu, estudou e fez sua vida profissional aqui e em todos esses anos fez muito pela nossa Cidade. É uma figura de importante atuação na área da medicina preventiva. Ele é fundador e atual Presidente da atual Policlínica Central de Porto Alegre e muito tem nos honrado com o tipo de trabalho que é desenvolvido lá.

Nós estivemos na Policlínica a convite do doutor e verificamos que lá foi inaugurado o primeiro hospital-dia. Nós sabemos da importância disso e o quanto tem custado para o Dr. Zaduchliver, dadas tantas mudanças na nossa economia, para continuar com esse trabalho que vem sendo desenvolvido por ele e por sua família.

Eu me sinto privilegiada, e os Vereadores desta Casa acredito que também se sintam tranqüilos em relação à concessão deste título porque temos a anuência dos 33 Vereadores. Eu só espero que haja quórum para podermos conceder ainda hoje esse título para tão nobre cidadão desta Cidade.

Gostaria de salientar que nos próximos dias - se não me engano, no dia 22 - a Policlínica Central fará 35 anos de atuação em nossa Cidade, inclusive com extensão na Grande Porto Alegre. Acredito que vamos conceder esse título para quem realmente merece, e agradeço aos Srs. Vereadores por essa concessão dada a tão nobre e ilustre pessoa desta Cidade. Obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o PR nº 024/98. (Após a chamada.) APROVADO por 23 votos SIM.

 
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 1208/98  - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 048/98, de autoria do Ver. Adeli Sell, que institui o Dia da Agricultura no Município de Porto Alegre.

 

Pareceres:     

- da CCJ. Relator Ver. Juarez Pinheiro: pela aprovação do Projeto;

- da CECE. Relator Ver. José Valdir: pela aprovação do Projeto;

- da COSMAM. Relator Ver. Cláudio Sebenelo: pela aprovação do Projeto.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 048/98. O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. Adeli Sell propõe-se a instituir o Dia da Agricultura no Município de Porto Alegre. Sabemos que a agricultura, no Município de Porto Alegre, cada vez mais diminui. Hoje pela manhã, a Casa discutia na Comissão do Plano Diretor do Desenvolvimento Urbano, que em uma das suas propostas fundamentais termina com área rural no Município de Porto Alegre. Porto Alegre não vai mais ter área rural. Não tenho a menor dificuldade em acompanhar o Ver. Adeli Sell e votar favoravelmente ao seu Projeto, mas tenho que assinalar essa grave contradição de que Porto Alegre que não terá mais zona rural, terá o Dia da Agricultura. São essas contradições que surgem em um momento em que se busca repensar o futuro da Cidade de Porto Alegre.

Alguns querem consagrar Porto Alegre como cidade urbana, onde podem cobrar imposto predial de todos que aparecem pela frente. Outros, e aí incluo o autor do Projeto, têm esperança de que ainda possam manter-se alguns bolsões em Porto Alegre, lá no Cantagalo, em Belém Novo, na Lomba do Pinheiro, na nossa Vila Nova, cada vez mais urbanizada, que ainda se mantenham com uma vocação agropastoril, muito mais agro do que pastoril, porque a produção animal no Município de Porto Alegre, neste momento, é restrita a animais de pequeno porte devido à inexistência de extensões físicas que permitam a criação de animais de maior porte na bovinocultura, na ovinocultura e outras atividades que estão sendo restritas às áreas mais rarefeitas de ocupação por este Rio Grande. A agricultura em Porto Alegre ainda mantém alguns redutos, não sei por quanto tempo. Os porto-alegrenses, especialmente aqueles que moram em torno do Morro São Pedro, já estão aprendendo a plantar morro acima, em uma tentativa de não deixar terras ociosas. A agricultura, com freqüência, entra em conflito até mesmo com a proteção ao meio ambiente, porque em algumas áreas em que se busca produzir, na área agrícola, a política de meio ambiente recomendaria que ficasse preservada, intocada, mantida a sua vegetação nativa.

Vejo um futuro pouco promissor para a agricultura de Porto Alegre. Mas o que eu posso fazer diante dessa onda manifesta até na intenção da Administração Municipal, que nos propõe a extinção da área rural do Município? Resistir, resistir e resistir. Quem sabe se o Ver. Adeli, que é um homem de grande espírito público, não está nos oferecendo agora uma arma de resistência? Quem sabe se o Projeto do Ver. Adeli Sell não é uma chamada ao juízo daqueles que querem extinguir pela lei a área rural de Porto Alegre? Quem sabe, Ver. Pedro Américo Leal?  Eu vou correr o risco. Eu vou ajudar o Ver. Adeli Sell a aprovar o seu Projeto de Lei e nós vamos instituir o Dia da Agricultura em Porto Alegre. Se não houver mais zona rural, vai ficar para homenagear aqueles que produzem agricultura nos outros municípios do Rio Grande do Sul, porque aqui a intenção que tem o Governo é que não se produza mais, que não tenha mais zona rural. Essa é a intenção expressa no Plano Diretor: acabar com a área rural no Município. Nunca vi prosperar agricultura onde não há área rural. De qualquer sorte, tenho esperança.

Vou acompanhar o Ver. Adeli Sell, rogando aos céus que esse seja um instrumento para que evitemos essa sandice que querem perpetrar contra Porto Alegre, decretando a extinção da sua área rural e, conseqüentemente, eliminando qualquer possibilidade de produção agrícola nesta Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Ver. Juarez Pinheiro que apregoe um Requerimento.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: Requerimento de autoria do Ver. Jocelin Azambuja, relativo ao Proc. 871/98, PLCE 01/98, solicitando renovação de votação.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir o PLL nº 048/98.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Projeto de autoria do Ver. Adeli Sell instituindo o Dia da Agricultura evoca oportunamente uma questão muito importante com o País, com o Estado, de um modo geral. Instituir-se um dia para discutir, lembrar a agricultura representa uma forma, um mecanismo no sentido de chamar a atenção para esta atividade vital a qualquer país, a qualquer nação.

Eu tenho dito pelo Rio Grande, posto que postulo uma candidatura, que a agricultura vem sustentando, vem segurando o denominado Plano Real. Os preços dos produtos primários chegaram a níveis a fazer com que passasse a se plantar menos no Rio Grande do Sul. Hoje, o número de hectares plantados no Rio Grande do Sul caiu de 10 a 15%. O plantio da lavoura teve uma queda na ordem de 10 a 15% face todo este desajuste, toda esta incerteza que o agricultor gaúcho passou a enfrentar a partir de uma determinada data. O homem do campo, o agricultor, o produtor rural, o fazendeiro hoje é um homem pobre. É um homem que tem as suas propriedades, mas é um homem que não tem recursos; é um homem sem dinheiro.

Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a agricultura, que é uma atividade de larga importância no Rio Grande do Sul, vive o pior momento da sua história, com os produtores rurais numa situação de verdadeira calamidade, e a queda do plantio é nada mais, nada menos, do que o reflexo do desestímulo. Se olharmos o Primeiro Mundo, nós vamos ver que os agricultores têm subsídios para produzir, dada a importância do alimento, do que ele representa. Se tivermos uma agricultura com preços compatíveis com as necessidades de produção, certamente teremos alimentos em abundância, enfim, teremos alimentos para a população em condições de acesso. Hoje acontece  absolutamente o contrário; estamos importando tudo. Vejam: o Rio Grande do Sul importando arroz! Que importássemos tecnologia, avião, etc., mas o Rio Grande do Sul importar arroz, ele, que foi um grande exportador de arroz, que sempre teve um grande destaque na orizicultura?! Esta notícia é extremamente ruim para nós, do Rio Grande do Sul.

Este Projeto é bom na medida em que coloca esta questão. Vamos homenagear, vamos instituir um dia para lembrar, reverenciar esta atividade primária, básica, que é a agricultura. Vamos instituir o Dia da Agricultura, o Dia do Agricultor, e Porto Alegre tem a sua área rural.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Tive a oportunidade de pessoalmente, no sábado, apresentar as maiores congratulações ao Ministro Turra, porque ele teve a coragem de, em Portugal, como Ministro deste Governo onde ninguém fala nada sobre a agricultura, falar da necessidade de subsídios para a agricultura brasileira de forma direta. Clamou para toda Europa que precisamos de subsídios para a agricultura e para a pecuária. Pessoalmente apresentei as minhas congratulações ao Ministro, que é meu amigo, pela coragem de dizer a verdade. Finalmente temos um brasileiro que diz a verdade. Um país sem agricultura é um país que não tem significação.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Agradeço o aparte de V. Exa. e me coloco a favor da iniciativa, até porque chama a atenção para esta questão crucial que hoje atravessa o País, o Estado, que é a questão da agricultura. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Quando este Plenário votou o Projeto de Lei do Executivo para fins de regularização fundiária através de concessão de direito real de uso da Vila Jardim, deu entrada, no Judiciário, uma Ação Popular contra o Município de Porto Alegre e a Câmara Municipal. Naquela época, foi dada uma liminar para que os Vereadores fossem citados para prestarem depoimento com relação a essa matéria. A nossa Procuradora agravou a decisão do Tribunal. Hoje, quero informar que, por decisão unânime do Tribunal de Justiça, foi dada guarida aos argumentos utilizados pela nossa Procuradora, e a Câmara, de acordo com o Tribunal, estava absolutamente correta quando proferiu os seus votos. Estas notícias têm que ser dadas porque penso que os Vereadores têm que ter absoluta liberdade para emitirem os seus votos com relação às matérias que por aqui tramitam. Assim também entendeu o Tribunal.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente, acompanhei esse caso e gostaria de me congratular com a nossa Procuradoria, em especial a Dra. Marion, pelo excelente trabalho desenvolvido nessa defesa da Câmara Municipal e da própria Prefeitura.

 

O SR. JOÃO DIB: Ao mesmo tempo em que me congratulo com a Procuradoria da Casa do Povo de Porto Alegre, devo lembrar que o Executivo encaminhou o Projeto sabendo da existência da Ação em juízo. Isso não foi correto.

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Adeli Sell para discutir o PLL nº 048/98.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, para mim é uma grande satisfação poder discutir o Projeto de minha autoria que institui o Dia da Agricultura em Porto Alegre. No nosso Estado, em Santa Catarina e no Paraná também é assim. No dia 25 de julho se comemora do Dia do Colono, uma homenagem ao imigrante, homens e mulheres, bravos lutadores que desbravaram este Estado, este sul do País em especial, e construíram essa riqueza, construíram esse presente onde vivemos e que hoje está, infelizmente, completamente abandonado por parte do Governo Estadual e do Governo Federal, sem qualquer política agrícola.

Porto Alegre tem agricultura. São quase 40 mil pessoas na nossa área rural. Temos a Festa do Pêssego, temos a Festa da Ameixa, a Festa da Uva; temos, na Zona Sul em particular, uma generosa plantação de hortifrutigranjeiros.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Adeli Sell, V. Exa. tem o integral apoio da Bancada do Partido Progressista Brasileiro pelo belo projeto que está apresentando. Saúde e paz!

 

O SR. ADELI SELL: Obrigado. Nós podemos verificar, em cada recanto - aqui na Vila Nova, no Campo Novo, no Cantagalo, no Lami - o empenho de pequenos produtores em manter a sua propriedade, inclusive mantendo, em alguns lugares, até uma pequena bacia leiteira, apesar de toda uma política de abandono dessa importante área que é a do gado leiteiro. Mas Porto Alegre precisa do verde, Porto Alegre precisa dos hortifrutigranjeiros, e nós temos uma terra valorosa para isso. Mais do que isso, também temos um grande potencial de produção de flores. Hoje o nosso Estado, Ver. Décio Schauren, importa flores de São Paulo e da Colômbia. O nosso  pequeno produtor de flores da Zona Sul não tem assistência técnica, não consegue competir com Holambra, em São Paulo. É por isso que também tramita nesta Casa um projeto de minha autoria que autoriza a Prefeitura Municipal a selar uma parceria para a criação de uma Escola Técnica Agrícola na Capital. É possível, sim. É possível, porque é necessário, porque existe uma demanda. Inclusive, propus à Secretaria Municipal de Indústria e Comércio, que é responsável pela agricultura em nossa Cidade, cursos - antes que se consiga a nossa escola técnica - na área da floricultura para que possamos aproveitar devidamente o Centro Agrícola Demonstrativo. Eu, inclusive, cobro do meu Governo, cobro da SMIC um total aproveitamento do Centro Agrícola Demonstrativo e vou enviar esse meu discurso ao meu Governo, ao meu Secretário, porque conheço a área e sei que tem um potencial maior do que a sua atual utilização.

A nossa área rural também tem um grande potencial na área da açudagem, na área da apicultura. Com os nossos morros, Ver. Gerson Almeida, e com sua preservação podemos harmonizar o reflorestamento, o cuidado com o morro e com a apicultura. Isso é desenvolvimento auto-sustentável, e para isso quero que Porto Alegre tenha um dia - o dia 25 de julho - para lembrar, comemorar, fazer feiras, eventos, tudo organizado pela Administração Pública Municipal, como o Dia da Agricultura.

Peço o voto de todos os Srs. Vereadores para que possamos, daqui para  frente, fazer uma política de desenvolvimento agrícola em nossa Cidade, porque existe potencial para isso e temos vontade política também. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir o PLL nº 048/98.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esta matéria trazida a debate pelo Ver. Adeli Sell demonstra o cuidado que devemos ter sob todos os aspectos, inclusive nutricional, empregatício e cultural. E é o aspecto cultural que eu queria abordar de uma forma mais detalhada.

O homem agrícola inserido na cidade traz junto uma série de características, de perfis psicológicos, inclusive os gregários, pois na imensidão do campo ele necessita da aproximação. O homem urbano, ao contrário, em razão da explosão demográfica, se individualiza e se isola, paradoxalmente. Essa discussão é trazida pelo Gabinete do Sr. Prefeito no nosso Plano Diretor, procurando anular as zonas agrícolas, partindo da premissa de que tudo é cidade, nada mais é agrícola. Evidentemente que a fúria arrecadadora faz pensar que a zona rural terá que pagar um imposto de residências individuais - o IPTU -, quando, na verdade, isso é regulado pelo INCRA.

Vem agora o Ver. Adeli Sell, de uma forma muito própria e muito correta, contrariar os desejos da Administração Municipal e conservar a idéia de que é indispensável o fenômeno agrícola. Até discordo um pouco do Vereador quando ele associa o fenômeno agrícola de Porto Alegre ao colono gaúcho. São duas coisas separadas e nada têm a ver, porque Porto Alegre foi colonizada por açorianos, que têm uma cultura e uma forma de vida muito diferente das dos nossos colonizadores alemães e italianos. E também discordo que trazer flores de São Paulo seja importação. São Paulo é uma cidade de um Estado de mesmo nome, de um país chamado Brasil, e nós somos brasileiros -  por isso discordo que seja importação. Que se tragam flores de São Paulo sem maior problema, e, eventualmente, se trouxerem alguma flor da Holanda, uma tulipa, isso pela sua especificação, pela sua especialidade, não teria problema maior. O que eu acho um absurdo é essa incoerência, é essa desigualdade, é essa incongruência que o Projeto do Ver. Adeli Sell demonstra em relação às idéias do Paço Municipal, que inicia a sua mensagem do Plano Diretor dizendo que tudo é cidade, tudo é urbano, quando sabemos que as características do ser agrícola, inseridas no urbano, agem como se fosse um tempero a essa exagerada tendência ao individualismo, ao egoísmo, ao rosto na multidão. O ser que trabalha na zona agrícola tem uma postura muito mais gregária, muito mais social, muito mais compreensiva com os fenômenos naturais do que o ser urbano.

Por isso, me parece que o Ver. Adeli Sell, na contramão da orientação do seu partido, faz um projeto muito feliz, pondo em evidência o fenômeno agrícola e fazendo com que toda a população de Porto Alegre desperte para a necessidade de haver um equilíbrio entre a zona agrícola de Porto Alegre, muito importante e rica, e a zona urbana, multipopulacional e, principalmente, voltada a um aglomerado capitalista. Esse aspecto agrícola é uma das coisas que deixa a nossa Capital mais bonita, com o ser urbano mais disperso e muito mais voltado para a natureza.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir o PLL nº 048/98.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, esta cálida tarde propicia um debate importante sobre a questão da agricultura com o Projeto de autoria do Ver. Adeli Sell fixando uma data para comemorarmos o Dia da Agricultura, a exemplo do que já temos em nível estadual.

O nobre Ver. Sebenelo, meu prezado amigo, procura investir numa organização partidária que não é a sua e procura tecer comentários sobre um partido que não é o seu. O Ver. Adeli Sell não está na contramão do que propõe o Partido dos Trabalhadores, do que propõem as pessoas sérias deste País, porque se o Ver. Cláudio Sebenelo for apanhar o programa de governo, tanto do Governo Lula quanto do Governo Olívio Dutra-Miguel Rosseto, vai verificar que nós, sim, nos colocamos ao lado daquelas pessoas que vivem no campo, que produzem alimentos e que geram empregos. Na verdade, quem não considera a agricultura uma atividade econômica importante é o governo do partido do Ver. Cláudio Sebenelo, porque esse Governo não coloca subsídios à agricultura, esse Governo, com a Lei Kandir, faz com que hoje nós tenhamos  que vender os nossos produtos em grão, como vendíamos ontem, como no caso do óleo de soja, um produto agregado. Na verdade, o Governo Federal, com a abertura das fronteiras, o escancaramento das fronteiras, com a supervalorização do real, faz com que tenhamos um imenso “deficit” comercial, que jamais será superado com a receita do Sr. Malan, que fala em aumento da produtividade das empresas brasileiras. O crescimento do Brasil é ridículo, menor inclusive que os países do Caribe - menos de 2% é a projeção de todos os organismos sérios.

Na verdade, temos cada vez maior dívida e menos dinheiro para investir em saúde, em educação, e governos como o do Governador Britto, em vez de colocar os recursos na agricultura, que gera empregos, que barateia o preço dos alimentos, doa este dinheiro para as maiores empresas do planeta, a GM e a Ford. Neste sentido é importante o que levanta o Ver. Adeli Sell, ressaltando, com a designação desta data alusiva, a importância da agricultura também aqui em Porto Alegre, que, como foi colocado pelo Ver. Adeli, que trabalha bastante este tema, tem uma agricultura próxima, principalmente na Zona Sul, na Vila Nova, e querer dizer-se que a inserção desta área rural, sob o controle do Município de Porto Alegre, e não do INCRA, vai trazer dificuldades, problemas à área rural, no mínimo é uma temeridade, para não dizer uma irresponsabilidade. O Município de Porto Alegre precisa ter mecanismos de controle, porque é só verificarmos o que acontece hoje na Zona Sul da Cidade, com loteamentos clandestinos, com obras que contrariam o interesse daqueles que se dedicam à agricultura, e o Município de Porto Alegre, a Prefeitura não tem nenhum mecanismo para coibir esses abusos contra o meio ambiente e contra aqueles que buscam produzir alimentos.

Então, Ver. Adeli Sell, sinto-me orgulhoso, participando como colega de bancada de V. Exa., com a proposição, que por certo receberá o apoio de todos os parlamentares desta Casa, em homenagem aos agricultores, esta atividade econômica que realmente gera empregos e que, ao fim e ao cabo, como diriam os portugueses, os quais o Ver. Pedro Américo Leal vai visitar em breve, barateia o alimento de todos os cidadãos que venham a se beneficiar de uma agricultura próspera, como é aquela que o nosso programa de governo propõe, tanto em nível estadual, como em nível federal. Muito obrigado.

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Clovis Ilgenfritz está com a palavra para discutir o PLL nº 048/98.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, ilustres pessoas que nos visitam, o tema tem gerado uma discussão interessante, eu acho que apropriada, que deve ser socializada entre todos os habitantes de Porto Alegre. Eu diria que é de interesse de qualquer cidadão saber como aproveitar melhor a sua área física, a chamada área rural para produção. Eu, assim como o Ver. Adeli, tenho já, de longa data, desde o meu primeiro mandato na Câmara, e como Secretário de Planejamento do Município trabalhei um pouco este assunto... Eu tinha a idéia de que o Município de Porto Alegre, por ser um dos municípios que tem entre as capitais brasileiras a maior área rural, área agricultável, área própria para criação de gado leiteiro, de suínos, que o Município deveria dar atenção muito especial para esta questão da agricultura e da criação.

Eu cheguei a defender num programa meu, de proposta, como Vereador, uma plataforma e, junto ao Governo, junto à nossa Bancada, que nós sugeríssemos a criação de uma Secretaria Municipal de Agricultura ou de Fomento Agrícola, não porque a atual SMIC, Secretaria Municipal de Indústria e Comércio, não esteja dando atenção ao assunto. Não é por isso. É porque é um assunto que de fato teria um maior interesse e que deveria ser destacado num governo como o nosso, que já está fazendo uma série de investimentos nesta área, mas, a partir de uma Secretaria própria e com um programa mais arrojado, poderíamos, quem sabe, chegar mais longe.

Então, esta proposta do Ver. Adeli Sell que institui o Dia da Agricultura no Município tem um significado maior do que simplesmente fazer uma homenagem a este tipo de processo produtivo. O Dia da Agricultura está ensejando, hoje, que se discutam aqui questões que vão mais longe do que instituir o dia e, sim, do que fazer no nosso Município para que a produção realmente atinja graus de eficiência e condições, como, por exemplo, de atender os nossos mercados, supermercados, armazéns e todos vendedores na área de produtos hortifrutigranjeiros com a produção própria. Isso é possível. Basta que haja projetos sérios e arrojados de fomentos a essa área e que se faça uma proposta de melhor utilização de inúmeras terras que hoje estão servindo apenas de sítio de lazer. Ninguém é contra o sítio de lazer, mas há uma necessidade de pensarmos, em muitas dessas áreas, que elas tenham algum critério estabelecido pela lei municipal na produção de alimentos, em especial no que estou me referindo, que é a horticultura e a fruticultura, que já está acontecendo em nossa Cidade, mas que deveria acontecer com muito mais intensidade para que não precisássemos mais estar importando de São Paulo uma série de produtos que são vendidos hoje através da CEASA e dos supermercados da nossa Capital.

Quando eu era guri, vim a Porto Alegre com meu pai, quando ele era Prefeito de Ijuí, comprar matrizes de gado leiteiro e de suínos para levar a Ijuí numa Secretaria de Agricultura e Fomento que transformou Ijuí numa das cidades mais produtivas da região na área da agricultura. Isso foi feito com a maior tranqüilidade, e aqui é que estavam as matrizes. Hoje não existem mais.

Gostaria de falar sobre a polêmica instalada sobre a área rural e urbana do Plano Diretor, e este é um assunto muito importante. Temos que dirimir qualquer dúvida antes de tomarmos uma atitude ou de sermos radicalmente contra ou a favor.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Henrique Fontana inscreve-se e cede seu tempo a V. Exa.

 

O SR. CLOVIS  ILGENFRITZ: Agradeço imensamente.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu vos peguei na palavra. V. Exa. tocou em algo muito importante: este conflito que existe de concepção petista a respeito do Plano Diretor, das áreas rural e urbana. O que pretende o PT? O que ele quer? Terminar com a área rural?

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Valorizar a área rural.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: É através de busca de impostos? O que o PT pretende? V. Exa. tocou no assunto e eu, mais rápido que um raio, vim ao microfone de apartes convidá-lo para dissertar sobre o tema.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Eu vou fazer um esforço de síntese porque esse assunto demandaria inúmeros exemplos.

Eu, na Secretaria do Planejamento, em 1989, 1990, com o Olívio Dutra como Prefeito, nós tivemos a oportunidade de verificar inúmeras ocupações de áreas, com terras que estão afetas ao INCRA, ou seja, terras rurais que não participam do Plano Diretor de Porto Alegre. Portanto, Porto Alegre não tem condições de fiscalizar a ocupação daquelas terras com demandas judiciais sérias, de empreendedores, entre aspas, imobiliários inescrupulosos que tomam conta de determinadas chácaras, loteiam, vendem para pessoas inocentes que precisam comprar um terreno, por preços bastante baixos. Criam uma situação de fato. As pessoas constroem as suas casinhas, a Prefeitura tem que botar água, luz, esgoto, criar linha de ônibus, fazer tudo o que é preciso para uma comunidade. Por pressão da comunidade, a Prefeitura fica na obrigação de tomar uma atitude e não pode, porque a terra é do INCRA e, como tal, está sujeita à legislação federal, paga ITR e não é jurisdição da Prefeitura.

Eu fui à Justiça usando a Lei nº 6667, de Parcelamento do Solo Nacional, que, no seu art. 50, dizia que, nos casos de ocupação indevida, configurada conforme eu falei antes, o pseudoproprietário da área estaria sujeito a penas até de prisão. Entrando na Justiça, nós conseguimos reverter alguns casos. A Procuradoria do Município está, até hoje, com essas demandas, algumas delas já com oito, 10 anos.

O Secretário Burmeister deixou muito claro hoje que as áreas rurais continuarão sendo de produção rural. O que nós queremos é acabar com a contradição que existe entre o papel do Município e o papel da União na área de jurisdição do Município. Isso poderá ser feito por meio de uma discussão que nós estamos começando em Porto Alegre, discussão exemplar.

Quando fiz, como urbanista, um plano diretor para a Cidade de Ijuí, em 1970, eu trabalhei isso. Toda a área de Ijuí está legislada inclusive com a vocação agriculturável ou de criação, em cada região, em convênio com as cooperativas agrícolas, em convênio com a Secretaria do Município.

Nós não nos precisamos deter numa coisa que está sendo utilizada por setores que querem polemizar sobre o assunto, de que vai se criar uma forma de cobrar o Imposto Territorial Urbano na área rural - o IPTU rural. Isso não vai existir. O que vai existir é o ITR transformado em IPTU. Por quê? Porque a arrecadação virá para o Município, mas nos valores consentâneos com o que o tipo de área indica, e não a cobrança de IPTU como se faz em terrenos e edificações dentro da área urbana, porque a área que se está criando não é urbana é  “rururbana”. E tem outro detalhe: tentamos fazer, em 1989 e 90, um plano, por exemplo, para a Grande Glória, que é área funcional de reserva ecológica, onde existem vários pontos de assentamentos, pequenos aglomeramentos urbanos e que são ilegais. Então, queríamos fazer um Plano Diretor para transformar aquelas áreas em urbanas ou rururbanas, e as outras ficariam devidamente reservadas para serem rurais ou para reservas ecológicas.

Então, é um tema apaixonante, bonito, que nós, como Vereadores de Porto Alegre, podemos nos orgulhar e dizer que vamos discutir para que toda a Nação veja a nossa proposta. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Renato Guimarães para discutir o PLL nº 048/98.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, duas intervenções neste Plenário, debatendo o Projeto do Ver. Adeli Sell, convocaram, sem sombra de dúvida, este Vereador a vir à tribuna. E o conteúdo dessas intervenções, colocando-se como uma proposição contraditória da nossa Bancada em propor um dia dedicado à agricultura no Município, é que se torna totalmente contraditório. Ou eles desconhecem a realidade do Município, o que não acredito que aconteça, pois são representantes do povo, dos cidadãos do Município - portanto, acho que não desconhecem -, ou estão mal informados, porque dizer que o PT, que a Administração Popular não incentiva a agricultura no Município é desinformação ou uma enorme contradição.

Vou citar algumas políticas do Município que apostam no caminho da construção dessa atividade econômica em Porto Alegre: a Feira do Pêssego, atividade que cada vez mais consegue êxito na Cidade; temos pontos de ofertas que, para quem não sabe, são pontos distribuídos na Cidade onde o agricultor coloca diretamente os seus produtos; temos as feiras-modelo, um conjunto de feiras-modelo na Cidade, que trabalham para que o produtor tenha um espaço garantido, toda semana, para expor e vender o seu produto; temos as compras coletivas; um projeto de incentivo à cooperativa, que a SMIC desenvolve com uma feira, aos sábados, na região da Redenção, onde as cooperativas comercializam seus produtos; temos projetos em andamento para incentivar a agricultura familiar. E aí vêm Vereadores e dizem que é contradição de um Vereador petista apresentar uma lei criando o Dia da Agricultura porque o PT seria contrário à agricultura! Isso é uma tremenda desinformação por parte desses Vereadores, pois há muita política de incentivo à agricultura em Porto Alegre.

Para contribuir no debate, gostaria de discutir sobre a questão de para onde vai Porto Alegre em relação ao seu desenvolvimento e planejamento urbano, dizendo que a nossa proposta do Plano Diretor, que está tramitando nesta Casa, resgata a possibilidade de pensarmos um planejamento para a agricultura para o Município de Porto Alegre, porque nós lidamos com uma proposta que vai apresentar medidas e investimentos para a região rural desta Cidade, que ficou abandonada por muitos anos. A proposta do nosso Governo para o Plano Diretor apresenta uma idéia de” rururbana”, que incentiva a aproximação do rural com o urbano, fazendo com que não só haja garantia do título da terra, mas também as relações das atividades econômicas e sociais se desenvolvam para que se possa trabalhar o crescimento das atividades que se desenvolvem no meio rural.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Esta é uma Casa de contraditórios. Um parlamento que não alimenta o contraditório é um parlamento mudo. Agora, V. Exa. tem que admitir que ninguém disse que o PT quer terminar com a agricultura no Município de Porto Alegre. Não. Nós estamos aqui indagando ao PT aonde ele leva a filosofia de urbano e rural, como vai ser esse equilíbrio.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: E é esse debate que estamos assumindo. Nós queremos fazer esse contraditório. O PT defende a agricultura não só em Porto Alegre, como no Estado e no País. Temos proposta para tanto. E é assim que estamos encaminhando não só o projeto do Plano Diretor, como também as propostas da SMIC e da Administração Popular. E o contraditório que eu chamei foram algumas intervenções de alguns Vereadores que simplesmente se equivocaram ao negar a existência de um projeto político de agricultura no Município de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Com a palavra, o Ver. Luiz Braz para discutir o PLL nº 048/98.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Ver. Adeli Sell, com certeza eu vou votar favoravelmente ao Projeto de V. Exa. porque eu acredito que essa proposta, quem sabe, fará com que  nós possamos salvar Porto Alegre com relação a sua agricultura. As propostas que nós temos hoje, Ver. Pedro Américo Leal, e a própria ação do Governo, são elas para acabar realmente com a agricultura. E eu vou citar algumas dessas ações.

Eu tive um projeto, e foi o meu primeiro projeto aprovado aqui nesta Casa, transformado em lei, que mandava que 20% da arborização plantada em nossa Cidade fosse frutífera. E quando fizemos essa lei, queríamos que, através dos frutos, os pássaros pudessem ajudar no replantio e poderíamos ter uma vegetação mais ampla, não apenas em Porto Alegre como também nos arredores. V. Exa. sabe que o Prefeito não cumpre. O Prefeito Olívio Dutra não cumpria, o Prefeito Tarso Genro não cumpria, o Raul Pont muito menos. Eu estou falando de uma das ações. A outra ação: quando discutimos sobre o Shopping Cristal, aquelas pessoas que saíram daquela região onde vai ser construído o shopping foram levadas para uma zona de agricultura na Vila Nova, e, mesmo que aqueles plantadores de pêssegos clamassem para a Administração que não queriam aquelas pessoas lá porque eles teriam problemas, a Administração levou todas aquelas pessoas para a região da Vila Nova. As casas estão sendo construídas. Aquele local, onde temos uma agricultura decantada em todo o Rio Grande do Sul, está para terminar. Se não bastasse isso, na proposta do Plano Diretor que vem a esta Casa, temos o fim da área rural, uma tal de área “rururbana” que inventaram, e eu tenho certeza que V. Exa. nunca ouviu esse termo, e inventaram isso para liquidar com a área rural. E aí o Ver. Adeli Sell, muito inteligente, que não concorda com as ações do Executivo, que não quer o fim da área rural, sabiamente, ao invés de vir aqui e fazer um discurso contra o Sr. Prefeito Municipal, apresenta um Projeto de Lei para acordar o Prefeito e a Administração e para dizer a todos eles que ele, Ver. Adeli Sell, pelo menos, está contrário a esta vontade, ao desejo do Prefeito de liquidar com a agricultura no Município de Porto Alegre.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: Ou um outro plano diabólico.

 

A Sra. Anamaria Negroni: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Após essa sua propaganda em benefício do nosso candidato Adeli Sell, eu gostaria de colocar que V. Exa. tem razão quando diz que o Executivo não tem cumprido com os projetos de lei. Já falei a respeito de outros projetos, mas agora V. Exa. diz que existe uma lei, de sua autoria, com relação às árvores frutíferas. Esta Vereadora acabou de entrar com um projeto semelhante nesta Casa e agora terá de retirá-lo, porque já é lei, e lei não-cumprida. Isso ocorre sempre aqui. É o terceiro projeto que tenho que retirar, porque são leis que não são cumpridas pelo Executivo. Grata pela concessão.

 

O SR. LUIZ BRAZ: É claro que o normal seria que este Legislativo fizesse as leis para que o Executivo as cumprisse. Afinal de contas, essa é a ordem normal, legal. O Executivo tem que cumprir as leis. Ele não pode se omitir ou deixar de cumpri-las.

Eu espero que o Executivo, que já não cumpriu tantas leis e que não cumpre essa do plantio das árvores frutíferas, cumpra esta que vamos aprovar aqui na Casa, a do Ver. Adeli Sell, que pelo menos um dia do calendário nós estaremos aqui, Vereadores desta Cidade clamando pela agricultura, que está terminando em Porto Alegre. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): O Ver. Paulo Brum solicita Licença para Tratamento de Saúde no período de 06 a 09 de agosto. O Ver. Paulo Brum será substituído pelo Suplente Ver. Jocelin Azambuja e integrará a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação - CUTHAB.

O Ver. Décio Schauren está com a palavra para discutir o PLL nº 048/98.

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu fiz questão de me inscrever não para não fazer críticas ao nosso Governo. Eu não tenho problemas quanto a isso. Se tiver que fazer, eu faço, mas existem algumas críticas que são injustas, Ver. Cláudio Sebenelo e Ver. Pedro Américo Leal.

Eu, como filho de agricultores, de alguns anos para cá, como produtor rural aqui em Porto Alegre, trabalho na produção de flores e plantas ornamentais e, por isso, estou bastante preocupado com a questão da agricultura em Porto Alegre. A questão do “rururbano”, no PDDUA, vem resolver uma questão que me preocupa há muito tempo, de que o Município não tem controle sobre a área rural. Quem tem controle é o INCRA e, por isso, cada vez mais, proliferam loteamentos em áreas férteis. E o “rururbano” vem exatamente para que o Município tenha controle sobre isso, porque daqui a pouco não teremos mais terras férteis para a nossa agricultura, porque tudo estará ocupado por loteamentos. Acho correta essa questão que o Executivo Municipal propõe no PDDUA. 

Quero parabenizar o Ver. Adeli Sell por esse Dia da Agricultura. Na  celebração desse dia, poderemos fazer muitos debates que há muito tempo são necessários aqui em Porto Alegre, e a Administração Popular, da qual faço parte, contribui com muita coisa para a agricultura em Porto Alegre, mas acho que é insuficiente. Por isso que acho que a celebração do Dia da Agricultura pode ser muito importante para debatermos e trazermos idéias para essa grande área rural que Porto Alegre tem. E o apoio aos agricultores de Porto Alegre é absolutamente insuficiente, e não só aqui, mas também em outros municípios. Posso citar, no ramo de produção de flores e plantas ornamentais, ao qual me integro, que a Holambra, nos últimos 15 anos, simplesmente quebrou todos os produtores nessa área. Alguns resistem teimosamente. E isso ocorreu porque a Holambra é uma multinacional, tem 400 mil metros quadrados de estufas de plantas em São Paulo. Então, para os pequenos agricultores competirem com um esquema desses não é fácil, tem que ter apoio, sim, e acho que Porto Alegre tem que ter uma escola agrícola para produzir técnicos, para produzir novas técnicas para se poder competir com uma Holambra lá, em São Paulo, porque hoje a CEASA é abastecida pela Holambra e é ela que mantém o controle aqui no Brasil nessa área da produção de flores e plantas ornamentais. E, na área de produção de hortifrutigranjeiros, temos aqui, na Vila Nova, no Campo Novo e em algumas outras áreas, alguns agricultores que, a duras penas, resistem na produção rural. E pode-se fazer muitas coisas. E, de madrugada, eu vejo os caminhões do Betio, do Campo Novo,  abastecendo a rede Zaffari, o Carrefour. Nós temos condições. Preocupa-me essa questão.

Já citei uma vez, quando fizemos a Lei Orgânica, em 1989/90, que Porto Alegre deveria ter um levantamento de todas as terras férteis e evitar, de todas as formas, que essas terras fossem ocupadas por loteamentos, porque há tantas outras áreas que não são férteis e estão atiradas por aí.

Parabenizo o Ver. Adeli Sell por essa data que está instituindo no calendário oficial de Porto Alegre porque, de fato, a celebração desse dia vai ensejar o debate sobre muitas questões, vai contribuir muito para a produção de hortifrutigranjeiros aqui em Porto Alegre. Ainda temos terras férteis. Temos uma grande área rural que deve ser incentivada mais do que está sendo feito. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra para discutir o PLL nº 048/98.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. Renato Guimarães não gosta do princípio do contraditório, talvez porque ele não tenha formação na área do Direito, que é fundamental em tudo o que se discute. O Vereador também tem a pretensão, muitas vezes, de dizer que os Vereadores são desinformados.

V. Exa. falou das feiras. As feiras existem em Porto Alegre desde que eu era criança. Não é iniciativa do PT, nunca foram. Eu já fiz carreta em feira, talvez quando V. Exa. nem fosse nascido. As feiras fazem parte da nossa cultura. Não é uma inovação petista, não foram feitas pelo Governo do PT. Os Vereadores não estão desinformados. Eles conhecem o que é área rural em Porto Alegre, tudo o que existe em Porto Alegre em termos de agricultura. Eu, que nasci na região da Vila Nova, conheço aquela região desde que lá era praticamente só área agrícola. Nós temos conhecimento de muita coisa dentro desta Casa, como V. Exa. também tem - sempre contribui de maneira valiosa na discussão dos projetos

O Ver. Adeli Sell levanta a questão importante de comemorarmos a agricultura. É claro que o nosso País é agrícola, um país de grandes extensões de terras; o nosso Estado é basicamente agrícola, e em Porto Alegre há também a sua área agrícola. O problema que ocorre é que o Ver. Adeli Sell pertence ao partido do Governo, o mesmo que busca acabar com a área agrícola na sua elaboração do Plano Diretor. Fica uma situação extremamente difícil, Ver. Adeli Sell, porque V. Exa. quer comemorar o Dia da Agricultura e o seu Prefeito quer acabar com a agricultura. Por quê? Porque o Governo Municipal, quando manda o Plano Diretor para a Câmara com essa área de modificação da área rural dando uma nova nomenclatura, a busca não é nada mais nada menos do que arrecadar impostos, todo mundo sabe disso. A voracidade fiscal do Município de Porto Alegre é com relação ao IPTU. É isso que o pessoal quer. A intenção é justamente essa. Então, o Ver. Adeli Sell, antes de votarmos essa matéria, terá de dizer se será contra essa proposição do Governo Municipal de acabar com a área rural de Porto Alegre. Se for contra, aí vale a pena comemorarmos, porque, se for a favor, não teremos o que comemorar. Veja, Ver. Clovis Ilgenfritz, como vamos comemorar aquilo que queremos acabar? É muito complicado.

A população de Porto Alegre sabe da nossa área rural, conhece as áreas de produção do nosso Município, tanto na Vila Nova, como no Lami, em Belém Novo, em todas as áreas em que produzimos alguma coisa neste Município, pequenos agricultores, etc. No momento em que o Governo do PT quer colocar no Plano Diretor que essas áreas vão passar a pagar IPTU, imposto, criando essa nova nomenclatura, logicamente estão buscando inviabilizar o pequeno agricultor que paga hoje valores evidentemente bem menores de impostos. É muito complicado para nós. Esse caso o Ver. Adeli Sell terá de analisar com profundidade, de como nós vamos festejar aquilo que não queremos ter mais.

 

O Sr. Clovis Ilgenfritz: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Jocelin Azambuja, há um equívoco de sua parte, senão eu poderia entender, até, como uma forma errada de se dirigir a quem nos ouve ao dizer que querem acabar com a área agricultável. É exatamente o contrário, Vereador: é para proteger as áreas agricultáveis que nós precisamos acabar com a espoliação que está sendo feita, com a devassa que está sendo feita por setores inescrupulosos que agem à margem da lei nessas áreas. É isso: nós queremos proteger a área agricultável para o bem do Município e dos proprietários dessas áreas.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Para concluir, quero dizer ao Ver. Clovis Ilgenfritz que, lamentavelmente,  mesmo que V. Exa. diga que não é verdade, é verdade.  E nós discutimos isso lá em Belém Novo, quando fizemos aquele debate sobre o Plano Diretor. Ficou bem claro, pela posição dos técnicos, que a intenção do Governo Municipal do PT é a voracidade fiscal. Quer cobrar IPTU e acabar com a área rural. Isso nós vamos ver na votação do Plano Diretor, que vai se dar ainda no final do ano e, quem sabe, no ano que vem. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra para discutir o PLL nº 048/98.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Ver. Adeli Sell nos pregou uma grande peça. É muito conveniente que se diga, de passagem, que um certo rato, atemorizado por um gato inclemente que o perseguia, escondeu-se num dos buracos da sala e lá ficou até que, repentinamente, ele deixou de ouvir os miados do gato e passou a ouvir o rugido de um cachorro: “au, au, au”. E ele saiu do buraco. E, qual não foi a surpresa dele, que o gato o apanhou. Ele perguntou: “Mas como?”. Diz o gato: “Nesta época de globalização, quem não falar duas línguas está fuzilado”.

O Ver. Adeli Sell, na verdade, falou duas línguas, porque nos fez uma sugestão para que aprovássemos o Dia da Agricultura em Porto Alegre. Nós ficamos como o gato. Como? Por que Porto Alegre? Aqui não tem mais agricultura. O PT até está promovendo com o Plano Diretor, não digo a extinção, mas a redução da área agrícola. Agora, as razões do PT até parecem ponderáveis, pois deseja abocanhar, como o gato queria abocanhar o rato, a área do INCRA para torná-la uma área suscetível de cobrar IPTU. Muito bem! Não digo que a voracidade do PT seja muito pronunciada - absolutamente, não -, mas acho que é de se esperar de um prefeito que ele ouse pretender ter maiores áreas de arrecadação.

 Mas, Ver. Adeli Sell, o que V. Exa. está esperando com este Projeto? É apenas uma ironia ou V. Exa. pretende mesmo instituir o Dia da Agricultura em Porto Alegre? Agora estou como o gato. Digo: na era da globalização, quem não fala duas línguas, Ver. Adeli Sell, está fuzilado.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Pedro Américo Leal, a minha proposição é singela, sincera, e queremos Porto Alegre com a sua área rural preservada. Queremos incentivar a agricultura em todos os seus aspectos, incluindo a questão da floricultura, tão bem abordada pelo Ver. Décio Schauren. É um propósito político para melhorar o nosso desempenho nessa área em Porto Alegre. Muito obrigado.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Estou apenas interpelando, em grau de ironia, uma oratória de ironia, porque sei da seriedade de V. Exa., como também sei, e passei a saber mais ainda, sobre a profissão que tem o Ver. Décio Schauren, o cultivo de flores, muito recomendável. Mas eu penso que é preciso que nos expliquemos quanto ao Plano Diretor. O que pretende esse Plano Diretor? Todos os Vereadores, praticamente, tiveram uma concepção duvidosa a respeito do Governo do PT. Todos pretendemos achar que V. Exas. desejam terminar com a zona rural de Porto Alegre. Isto é uma verdade, e é por isso que a tarde de hoje está irônica. O seu projeto levou a isto, não que V. Exa. tenha a pretensão de colocar um projeto apenas para desafiar os ânimos em uma tarde que já se extingue, uma tarde de quarta-feira como a de hoje. Eu apenas penso que V. Exa. teve um mérito: discutimos aquilo que está na garganta dos Vereadores. O que está na garganta dos Vereadores? O que o PT pretende nesse seu abocanhamento da área rural? Ficar com o dinheiro dos IPTUs ou terminar com essa bagunça que existe do INCRA, que, diga-se de passagem, ninguém aprova? São zonas loteadas que são dadas a casarios, que crescem em tumulto e que a Prefeitura é obrigada a ligar luz, ligar água. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerramos o período de discussão do PLL nº 048/98. Não havendo quórum, declaramos encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

 

(Encerra-se a Sessão às 18h16min.)

 

* * * * *